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ELEIÇÕES 2004/LEGISLATIVO
Apesar da tentativa de dois parlamentares, TSE afirma que a determinação que acaba com 8.528 vagas no país está mantida
Senadores querem anular corte de vereador
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os senadores Antônio Carlos
Valadares (PSB-SE) e Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA) apresentaram ontem um recurso à
Mesa do Senado para anular a votação de anteontem que confirmou o corte no número de vereadores no país imposto pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral).
Devido à votação de anteontem,
ficou valendo para as eleições de
outubro a decisão do TSE que reduz em 14,1% o número de vereadores, ou seja, dos 60.276 atuais
para 51.748. O corte é de 8.528 vagas. O novo cálculo é proporcional ao número de habitantes dos
municípios. A emenda rejeitada
anteontem reduziria o corte para
8,4%, ou seja, 5.062 vagas.
Apesar do recurso dos senadores, o presidente do TSE, ministro
Sepúlveda Pertence, descartou
possibilidade de nova mudança.
"Se não houve quórum [suficiente para a aprovação da emenda], então prevalece a resolução
do TSE", disse. "Não estou cogitando outras votações no Senado." O ministro reafirmou que as
eleições serão mais tranqüilas
sem a mudança em cima da hora.
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), também
afirmou ontem que a votação da
PEC (proposta de emenda constitucional) dos vereadores "é um
assunto ultrapassado". A PEC foi
derrubada por 41 a 11. A aprovação de emenda exige 49 votos favoráveis (60% dos 81 senadores).
O argumento principal dos dois
requerimentos que pretendem
anular o resultado é o mesmo: o
voto do 2º vice-presidente, senador Eduardo Siqueira Campos
(PSDB-TO), não poderia ser levado em consideração, já que ele
substituiu o 1º secretário, senador
Romeu Tuma (PFL-SP), na presidência da Mesa durante a sessão.
O regimento do Senado diz que
o presidente só vota em caso de
desempate ou em votações secretas. Campos, ao lado de Tião Viana (PT-AC) e Heloísa Helena
(sem partido-AL), teve papel fundamental no resultado.
"O senador Romeu Tuma presidia a sessão quando o senador Siqueira Campos praticamente o
expulsou da função, passando a
ocupar a presidência. A partir daí,
imediatamente e de forma parcial, uma vez que era diretamente
interessado, deu por encerrada a
votação, antes mesmo de findo o
prazo regimental", disse ACM.
Campos não concorda. "Quem
presidiu a sessão foi o Tuma. Só
proclamei o resultado." Provocado por ACM, ele retirou Tuma da
Mesa e encerrou a votação. Os favoráveis à emenda queriam mais
tempo. ACM queria substituir
Tuma por Campos para que o pefelista votasse a favor da PEC.
Campos reconheceu que não
agiu segundo a liturgia do cargo
ao comemorar a derrubada da
PEC enquanto ocupava a presidência do Senado. "Apenas pronunciei [o resultado] com euforia.
Foi uma explosão emocional. [...]
Se pudesse voltar, não teria feito."
Sarney afirmou que vai encaminhar os recursos para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
É necessário maioria simples para
aprovar (metade mais um). Dos
23 titulares da comissão, só três
votaram contra a emenda.
"Se não houver convocação
nem os trabalhos forem prorrogados, os recursos só serão analisados em agosto", disse o presidente da comissão, senador Edison Lobão (PFL-MA).
(FERNANDA KRAKOVICS, SILVANA DE FREITAS e WILSON SILVEIRA)
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