São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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BELO HORIZONTE
Célio de Castro (PSB), João Leite (PSDB) e Maria Elvira (PMDB) deixaram as propostas de lado e elegeram como alvos da campanha o presidente e o pefelista desistente
FHC e Cabo Júlio viram centro da disputa

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-PM Cabo Júlio ocuparam o cenário na disputa eleitoral na capital mineira, deixando em segundo plano as propostas dos candidatos para administrar nos próximos quatro anos a terceira capital do país em importância econômica.
O prefeito Célio de Castro (PSB), que tenta a reeleição, o deputado estadual João Leite (PSDB) e a deputada federal Maria Elvira (PMDB), os três principais candidatos na disputa, debateram intensamente a atuação do presidente da República e a renúncia à candidatura do deputado federal Cabo Júlio (PL).
Esses temas foram exaustivamente discutidos, a ponto de no último debate entre os candidatos na TV, na noite da última quinta-feira, dezenas de telespectadores terem ligado para a emissora reclamando que os candidatos não discutiam as suas propostas.
Os ataques e as críticas prevaleceram. O lance inicial foi dado por Célio, que não deu trégua até que a população soubesse que João Leite, conhecido ex-goleiro do Atlético-MG, é do PSDB -o mesmo partido de FHC. O assunto foi ao ar nos programas do horário eleitoral no rádio e na TV, nos debates e em vários panfletos.
Os coordenadores da campanha de Castro, que está coligado com o PT, só se deram por satisfeitos quando identificaram, por meio de pesquisas internas, que 94% do eleitorado identificava o tucano com FHC. No início da campanha, essa identificação, segundo eles, não chegava a 50%.
A campanha de Célio definiu essa operação como um "serviço de utilidade pública". A partir daí, reduziram os ataques e mudaram a postura. A administração Célio-PT, que já dura quase oito anos, ganhou espaço na campanha.
A resposta do tucano João Leite foi lançar dúvidas sobre o que chamou de "escuso" apoio do Cabo Júlio a Célio, imediatamente após o candidato do PL ter renunciado. O PMDB da candidata Maria Elvira foi além: que o ex-PM teria agido desde o início da disputa eleitoral visando benefícios financeiros, o que ele nega.
A falta de dinheiro para tocar a campanha foi o motivo justificado pelo Cabo Júlio para renunciar. Essa foi uma consequência dos problemas políticos enfrentados pelo candidato do PL, que tinha a seu lado o PFL e o PTB.
Embora não tenha admitido publicamente, o Cabo Júlio foi muito combatido pelos partidos aliados por ter entregue o comando da sua campanha para evangélicos e ex-policiais militares, sem experiência suficiente para comandar uma campanha eleitoral.
O crescimento contínuo de Célio a partir do início de setembro contribuiu para que os "ataques oficiais" fossem reduzidos. Mas, por outro lado, aumentaram os ataques e críticas dos opositores. Leite bateu sempre em Célio e Maria Elvira bateu nos dois, se esforçando para crescer e tentar chegar ao segundo turno.
Célio e o PT torcem pela vitória no primeiro turno. Só na quinta passada o prefeito admitiu que poderia levar a disputa neste domingo, mas ainda assim diz que "está com os pés no chão".
O PSDB e Leite, que esteve todo o tempo na segunda colocação, crêem que, havendo o segundo turno, uma nova eleição vai acontecer, com chances de vitória.
Essa convicção está amarrada a um crescimento econômico do país e, consequentemente, "a uma melhor avaliação do presidente FHC", conforme já disse o ministro Pimenta da Veiga.


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