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BELO HORIZONTE
Célio de Castro (PSB), João Leite (PSDB) e Maria Elvira (PMDB) deixaram as
propostas de lado e elegeram como alvos da campanha o presidente e o pefelista desistente
FHC e Cabo Júlio viram centro da disputa
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-PM Cabo Júlio
ocuparam o cenário na disputa
eleitoral na capital mineira, deixando em segundo plano as propostas dos candidatos para administrar nos próximos quatro anos
a terceira capital do país em importância econômica.
O prefeito Célio de Castro
(PSB), que tenta a reeleição, o deputado estadual João Leite
(PSDB) e a deputada federal Maria Elvira (PMDB), os três principais candidatos na disputa, debateram intensamente a atuação do
presidente da República e a renúncia à candidatura do deputado federal Cabo Júlio (PL).
Esses temas foram exaustivamente discutidos, a ponto de no
último debate entre os candidatos
na TV, na noite da última quinta-feira, dezenas de telespectadores
terem ligado para a emissora reclamando que os candidatos não
discutiam as suas propostas.
Os ataques e as críticas prevaleceram. O lance inicial foi dado por
Célio, que não deu trégua até que
a população soubesse que João
Leite, conhecido ex-goleiro do
Atlético-MG, é do PSDB -o mesmo partido de FHC. O assunto foi
ao ar nos programas do horário
eleitoral no rádio e na TV, nos debates e em vários panfletos.
Os coordenadores da campanha de Castro, que está coligado
com o PT, só se deram por satisfeitos quando identificaram, por
meio de pesquisas internas, que
94% do eleitorado identificava o
tucano com FHC. No início da
campanha, essa identificação, segundo eles, não chegava a 50%.
A campanha de Célio definiu essa operação como um "serviço de
utilidade pública". A partir daí,
reduziram os ataques e mudaram
a postura. A administração Célio-PT, que já dura quase oito anos,
ganhou espaço na campanha.
A resposta do tucano João Leite
foi lançar dúvidas sobre o que
chamou de "escuso" apoio do Cabo Júlio a Célio, imediatamente
após o candidato do PL ter renunciado. O PMDB da candidata Maria Elvira foi além: que o ex-PM
teria agido desde o início da disputa eleitoral visando benefícios
financeiros, o que ele nega.
A falta de dinheiro para tocar a
campanha foi o motivo justificado pelo Cabo Júlio para renunciar. Essa foi uma consequência
dos problemas políticos enfrentados pelo candidato do PL, que tinha a seu lado o PFL e o PTB.
Embora não tenha admitido
publicamente, o Cabo Júlio foi
muito combatido pelos partidos
aliados por ter entregue o comando da sua campanha para evangélicos e ex-policiais militares, sem
experiência suficiente para comandar uma campanha eleitoral.
O crescimento contínuo de Célio a partir do início de setembro
contribuiu para que os "ataques
oficiais" fossem reduzidos. Mas,
por outro lado, aumentaram os
ataques e críticas dos opositores.
Leite bateu sempre em Célio e
Maria Elvira bateu nos dois, se esforçando para crescer e tentar
chegar ao segundo turno.
Célio e o PT torcem pela vitória
no primeiro turno. Só na quinta
passada o prefeito admitiu que
poderia levar a disputa neste domingo, mas ainda assim diz que
"está com os pés no chão".
O PSDB e Leite, que esteve todo
o tempo na segunda colocação,
crêem que, havendo o segundo
turno, uma nova eleição vai acontecer, com chances de vitória.
Essa convicção está amarrada a
um crescimento econômico do
país e, consequentemente, "a uma
melhor avaliação do presidente
FHC", conforme já disse o ministro Pimenta da Veiga.
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