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FORTALEZA
Presidenciável afirma que os resultados na capital não vão se refletir na corrida presidencial; Patrícia, sua ex-mulher, tem poucas chances de chegar ao 2º turno
Eleição no Ceará não afeta 2002, diz Ciro
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Apesar de apostar até a última
hora na vitória da ex-mulher, Patrícia Gomes, o presidenciável Ciro Gomes (PPS) se antecipou à
possibilidade de derrota, reduzindo ao mínimo a importância das
eleições municipais para a sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso em 2002.
"O cenário de 2002 vai ter uma
memória muito fraca, muito remota, para o bem e para o mal",
disse ele à Folha na noite de sexta-feira, colocando-se como o principal responsável pela eventual
derrota de Patrícia.
"Se a Patrícia ganhar, a vitória é
dela. Se perder, a derrota é minha.
Ela não tem defeitos, só virou alvo
por causa de sua ligação comigo."
Segundo Ciro, as pesquisas internas da campanha sempre deixaram claro que as pessoas que
não votam em Patrícia em geral
alegam que ela seria "pau-mandado do Cambeba".
Cambeba é como o palácio do
governo do Estado é conhecido
em Fortaleza, e a expressão significa a identificação dela tanto com
Ciro quanto com o governador
tucano Tasso Jereissati.
Ciro rebateu, inclusive, as sutis
comemorações do PT por causa
de sua eventual derrota em plena
capital cearense: "Pelo menos, a
Patrícia tem chances reais de vencer aqui. E o candidato do Lula,
que vai perder em São Bernardo
do Campo e é justamente o Vicentinho? " Referia-se a Vicente
Paulo da Silva, metalúrgico, ex-presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e um dos
principais herdeiros de Lula no
sindicalismo paulista.
Ciro, portanto, acusou de véspera o golpe nestas eleições municipais que poderiam lhe dar um
bom troféu para 2002, mas ao
contrário devem dar discurso a
seus opositores, como Lula.
Ex-governador do Ceará, Ciro
insistiu que o efeito de uma eleição sobre a outra é irrelevante e
disse porque se envolveu tanto na
campanha de Patrícia: "São duas
questões de honra. Fortaleza é a
minha cidade, e Patrícia é a mãe
dos meus filhos. Quanto à disputa
presidencial, vai ser só daqui a
dois anos ".
Como comparação, citou Fernando Collor, que perdeu as eleições para a capital de Alagoas
com o candidato Renan Calheiros, hoje senador do PMDB, e
dois anos depois elegeu-se para a
Presidência da República.
Segundo o Datafolha, o prefeito
Juraci Magalhães (PMDB) está
virtualmente no segundo turno,
com 33% dos votos, e o seu adversário mais provável é o deputado
federal Inácio Arruda (PC do B),
com 24%.
Patrícia, que entrou em campanha como franca favorita, chega
na reta final empatada com o deputado federal Moroni Torgan
(PFL), cada um com 18%.
O experiente Juraci Magalhães
já comemorava a vitória desde
sexta-feira, ironizando inclusive
as denúncias que surgiram contra
ele ao longo da campanha.
A principal delas: a de que contratara a empresa de seu filho,
Magalhães Neto, para a construção de quatro viadutos em Fortaleza. "Ficam falando mal de mim,
mas é perda de tempo. O povo
não acredita", reagiu.
Inácio Arruda manteve até o
fim sua disposição de não comentar nem discutir o PC do B e o comunismo pós-Guerra Fria.
"Minha candidatura não é do
PC do B. É de uma ampla frente
de esquerda formada por vários
partidos, inclusive o PT. O PC do
B apenas cedeu humildemente o
candidato". Os outros partidos
são PDT, PSB e PCB.
Juraci e Arruda já trocavam farpas na sexta-feira, antecipando o
clima do provável segundo turno
entre eles -ainda questionado
por Patrícia e Moroni, que só
cresceu na última semana da
campanha.
Segundo Juraci, Arruda "enterrou a foice e o martelo (símbolos
do comunismo), mas é ateu, comunista, brigou com as mulheres
e ficou com imagem de violento".
No caso, "as mulheres" são Patrícia Gomes e a vice do próprio Juraci, Isabel Lopes (PMDB), que
acusa a militância esquerdista de
"stalinista".
Arruda critica o prefeito por ter
começado inúmeras obras sem
condições de acabá-las antes do
final do mandato, comprometendo, assim, os recursos da prefeitura na próxima gestão.
E ameaça: "O Juraci vai ter que
deixar dinheiro em caixa. Senão,
vamos buscar na casa dele!".
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