São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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Pefelista é candidato "importado"

DA ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O relator da CPI do Narcotráfico, deputado federal e delegado Moroni Torgan (PFL), é gaúcho, foi importado para o Ceará pelo governador Tasso Jereissati (PSDB) e hoje é um dos seus mais duros críticos.
"Se o PFL decidir apoiar a candidatura do Tasso à Presidência da República, eu posso até deixar o partido", declarou o candidato à Folha.
Amigo e afilhado político do senador tucano Sérgio Machado, que também se afastou de Tasso e condena a aliança do PSDB com o PPS nas eleições deste ano, ele avisa: "Posso fazer uma aliança com o PC do B. Com o governo do Estado, não".
Assim como a relação de amor e ódio de Moroni com Tasso, cada um dos outros candidatos à Prefeitura de Fortaleza tem um ponto fraco bastante nítido. O que é explorado pelos adversários e justifica em parte o segundo lugar embolado.
As eleições em Fortaleza não foram pautadas por denúncias de corrupção, e a única exceção foi com o prefeito Juraci Magalhães (PMDB). Na prefeitura há dez anos, a principal acusação contra ele foi a contratação da empreiteira de seu filho, Magalhães Neto, para construir quatro viadutos pela cidade.
"Ele (o filho) realiza trabalhos para o governo do Estado, para o governo federal, para particulares. Se ele oferece o melhor serviço, os melhores preços e ganha a licitação, o que é que eu posso fazer?", diz Juraci, médico dermatologista.
Patrícia Gomes (PPS) sente-se obrigada a responder o tempo todo que, se eleita, será a responsável pela prefeitura, e não apenas um "pau-mandado" de Ciro e Tasso. A suspeita foi tão forte que o próprio Ciro, coordenador de sua campanha, decidiu tirar do ar as imagens dos dois, para mostrá-la independente.
Já com Inácio Arruda (PC do B), que tem boas chances de disputar o segundo turno, os assuntos que mais o incomodam são o seu próprio partido e a definição do que é o comunismo.
Filiado ao PC do B desde o início da década de 80, quando começou a atuar em grupos comunitários, ele foi eleito deputado federal em 98 com a maior votação da história do Ceará.
Agora, aboliu a foice e o martelo de sua campanha e é sistematicamente evasivo diante de perguntas sobre definições ideológicas. "Isso não é importante."
Para amenizar a identificação com o comunismo, como tentam fazer pichações nas ruas da capital, Inácio levou uma freira e um pastor protestante para defendê-lo no ar. Os adversários, contudo, não perdoam: na campanha, ele é sempre "o comunista".


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