São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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VITÓRIA
Vellozo de Lucas, que tenta reeleição, afirma que falta "qualidade política" à base de sustentação do presidente

Tucano usa discurso crítico contra governo de FHC

PEDRO DANTAS
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA

Apontado como um dos poucos tucanos com chances de se eleger no primeiro turno em uma capital, o prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo de Lucas, 44, tenta passar uma imagem crítica em relação ao governo de seu companheiro de partido, o presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Eu tinha muita esperança no segundo governo de FHC. Porém acho que não é preciso ser leniente (brando) com a questão fiscal e com o gasto público para ter uma política de desenvolvimento ativo e fazer política industrial com a participação do setor produtivo", diz Lucas, que no último dia de campanha recebeu a Folha em casa, fumando um charuto baiano.
Funcionário de carreira do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e diretor, no governo de Fernando Collor, do Departamento de Indústria e Comércio do Ministério da Economia, o prefeito diz que falta qualidade política na base de sustentação do governo, "que fica acossado por interesses particulares e tem dificuldades para operar o interesse coletivo".
Na atual eleição, Lucas atribui ao governador José Ignácio (PSDB) o pedido de interferência do diretório regional tucano, que o obrigou a trocar duas vezes o candidato a vice. A assessoria do governador informou que ele não comentaria o assunto porque havia viajado para o interior.
Apesar dos constantes atritos com José Ignácio, Lucas afirma que não sairá do partido e descarta a ida para o PPS.
À exceção da candidata petista, Iriny Lopes, os adversários de Lucas não exploraram o fato de o prefeito pertencer ao partido do presidente. "Isso não me foi cobrado. Porém, não teria dificuldades. Criticaria uma série de coisas, mas defenderia no atacado", diz.
Os ataques dos adversários se concentraram em sua ligação com o senador Paulo Hartung (PPS-ES), que já contaria com apoio de Lucas para se candidatar ao governo do Estado em 2002, e no fato de a mãe do prefeito, Maria Vellozo de Lucas, ser há nove anos presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado). Como não há um tribunal de contas municipal, é o TCE que aprova as contas da prefeitura da capital.
"Não estou preocupado com 2002 agora. Sobre minha mãe, estamos dentro da lei e ela é considerada a "dama de ferro" do TCE, e isso apenas me obriga a ser mais rigoroso", diz Lucas, que nunca teve suas contas rejeitadas.


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