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VERDE-E-AMARELO
Vitória Brasil (SP), Novo Brasil (GO), Brasil Novo (PA), Assis Brasil (AC) e
Sul Brasil (SC) fazem eleições polarizadas entre esquerda e direita ou com alianças improváveis
Folclore marca cidades chamadas Brasil
ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA
Há um pouco de tudo no cardápio oferecido hoje aos eleitores de
cinco Brasis espalhados pelo país.
De candidato bóia-fria petista
contra prefeito produtor rural tucano até alianças improváveis em
nível nacional.
Vitória Brasil (SP), Novo Brasil
(GO), Brasil Novo (PA), Assis
Brasil (AC) e Sul Brasil (SC) têm
população inferior a 14 mil habitantes, Câmara com nove vereadores, economia baseada na agricultura e sobrevivem com repasses estaduais e federais.
Vitória Brasil (SP), o menor e o
mais novo desses municípios, vive uma eleição saída de cartilhas
de esquerda em termos de disputa
ideológica: de um lado, um prefeito candidato agropecuarista do
PSDB; do outro, um bóia-fria do
PT. O colégio eleitoral da cidade,
emancipada em dezembro de 93,
é de 1.613 eleitores. A arrecadação
mensal é de cerca de R$ 100 mil,
sendo 90% em repasses.
O tucano Barcinho Ormaneze,
atual prefeito com salário de R$
2.500, tem o apoio de outros quatro partidos: PMDB, PPB, PTB e
PFL. O adversário petista, João
Tomé, sem salário fixo, não conseguiu apoio de outros partidos.
Ormaneze, 40, é casado e tem
dois filhos. O prefeito é proprietário de três sítios, tem 200 cabeças
de gado de leite, uma camionete
D-20 ano 87, um Palio 96, uma
moto CG-125 e um caminhão de
transporte de gado.
Ele diz que gastou R$ 15 mil na
campanha. Estão incluídos na
conta a realização de dois comícios, o uso de um carro de som,
uma carreata que teve até bois e
cavalos, o aluguel de um comitê,
os santinhos e 1.200 camisetas.
Tomé, que estudou até a 5ª série, é casado e tem cinco filhos.
Entre suas posses, uma casa de
três cômodos e uma bicicleta, devidamente decorada com o adesivo ""13" e usada como veículo de
campanha.
Ele afirma que gastou R$ 200 na
candidatura para a confecção de
um jingle, aluguel de caixa de som
e a realização de um comício. Os
santinhos vieram do diretório do
partido em Votuporanga, cidade
vizinha. O carro de som, uma Brasília ano 77, é de Zequinha, presidente do partido na cidade e candidato a vereador.
""Minha mulher é quem me sustenta na campanha", diz Tomé,
referindo-se a Áurea Cardoso de
Sá Tomé, 47, que trabalha como
faxineira em Jales, com salário de
R$ 250 mensais.
""Emprego é o nosso principal
problema. Por isso, se for eleito,
vou criar frentes de trabalho e trazer firmas", diz Tomé. ""Já comprei uma área para construir um
distrito industrial. Só falta atrair
as empresas", rebate Ormaneze.
Diariamente, o prefeito atende
pelo menos 20 pessoas com pedidos diversos. Tomé também não
escapa dos pedidos: ""Eles acham
que o PT manda dinheiro", diz o
bóia-fria.
Vencendo o agropecuarista ou
o bóia-fria, uma coisa é certa: vai
ter churrasco na comemoração.
Ambos já garantiram carne para a
festa.
Outros Brasis
As composições políticas são
polarizadas entre cinco partidos
nos Brasis (PMDB, PFL, PSDB,
PTB e PT), mas nem sempre os
cenários nacionais se repetem.
Em Sul Brasil (SC), por exemplo, o comerciante Delci Antônio
Valentini (PMDB) é apoiado pelo
prefeito petista Jobert Peruzzo.
Ele concorre com o professor
Leonir Werner (PTB), na terceira
eleição do ex-distrito de Modelo.
Novo Brasil, município no interior de Goiás que se emancipou
há 42 anos, é o único dos cinco
Brasis que tem três candidatos a
prefeito. O pequeno produtor Vilmar Batista Ramos (PMDB) disputa com o fazendeiro Itamar
Soares (PFL) e com Júlio Natalício
Lima (PSDB), que já foi prefeito
duas vezes.
As rupturas políticas também
fazem parte dos Brasis. Ex-distrito de Altamira (PA), Brasil Novo
tem como concorrentes dois ex-companheiros de chapa: o ex-prefeito Antônio Lorenzoni (PTB)
enfrenta o atual prefeito, José Carlos Caetano (PSDB).
As eleições estão sendo disputadas em família em Assis Brasil
(AC). O petista Manoel Batista de
Araújo concorre com a prima Sônia Maria de Araújo (PTB). A cidade se emancipou de Brasiléia há
24 anos.
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