São Paulo, Segunda-feira, 01 de Novembro de 1999
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Roubo de cargas une grupos no PI e MA

da Agência Folha, em Teresina

Depoimentos colhidos no Piauí e no Maranhão indicam que o roubo e a receptação de cargas e caminhões roubados seriam as principais ações ligando as organizações criminosas nos dois Estados.
Os grupos, supostamente liderados, no Piauí, pelo coronel da reserva da PM José Viriato Correia Lima e, no Maranhão, pelo deputado estadual José Gerardo de Abreu (PPB), manteriam negociações para compra e venda de produtos e veículos roubados.
O primeiro indício dessa conexão surgiu em 20 de outubro, com o depoimento de Carlos Antonio Maia Silva, 35, à CPI da Assembléia Legislativa no Maranhão.
Silva afirmou ter participado de uma negociação entre Correia Lima e um dos líderes da quadrilha de roubo de cargas no Maranhão, José Humberto de Oliveira, o "Bel", morto em 97.
Segundo Silva, a negociação ocorreu em Timon (MA), e envolveu uma carreta roubada no Piauí. Pelo veículo, "Bel" teria pago R$ 15.000 -R$ 10.000 em dinheiro e R$ 5.000 em cheque.
O cheque, no entanto, não teria fundos e, de acordo com Silva, várias ameaças foram feitas por Correia Lima devido ao "calote".
"Bel" foi preso pela polícia maranhense, acusado de envolvimento no assassinato de um delegado, e morto por policiais civis no trajeto entre Santa Inês (MA), onde havia prestado depoimento por outro crime, e São Luís.
No Piauí, a suposta ligação entre os grupos foi reforçada na semana passada com o depoimento do empresário Abraão Rodrigues Viana Filho. O empresário afirmou que, em 97, o coronel teria escondido em seu sítio uma carga de cigarros roubados, depois vendida no Maranhão.
O empresário, que teve a prisão decretada por suspeita de envolvimento em dois homicídios, acusa o então secretário estadual da Segurança Pública, atual secretário estadual de Governo do Piauí, Juarez Tapety, de ter impedido uma operação policial de busca dos cigarros roubados no sítio do coronel Correia Lima.
O então chefe da operação, delegado Francisco das Chagas Santos Costa, o "Bareta", confirmou à Agência Folha que cancelou a ação porque Tapety avisou da operação o então comandante da PM, Waldir Falcão, tido como envolvido com Correia Lima, e depois exonerado do cargo por suspeita de ligação com o crime organizado.
Em entrevista coletiva, o secretário de governo negou a acusação. (FG)


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