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Roubo de cargas une grupos no PI e MA
da Agência Folha, em Teresina
Depoimentos colhidos no Piauí
e no Maranhão indicam que o
roubo e a receptação de cargas e
caminhões roubados seriam as
principais ações ligando as organizações criminosas nos dois Estados.
Os grupos, supostamente liderados, no Piauí, pelo coronel da
reserva da PM José Viriato Correia Lima e, no Maranhão, pelo
deputado estadual José Gerardo
de Abreu (PPB), manteriam negociações para compra e venda de
produtos e veículos roubados.
O primeiro indício dessa conexão surgiu em 20 de outubro, com
o depoimento de Carlos Antonio
Maia Silva, 35, à CPI da Assembléia Legislativa no Maranhão.
Silva afirmou ter participado de
uma negociação entre Correia Lima e um dos líderes da quadrilha
de roubo de cargas no Maranhão,
José Humberto de Oliveira, o
"Bel", morto em 97.
Segundo Silva, a negociação
ocorreu em Timon (MA), e envolveu uma carreta roubada no
Piauí. Pelo veículo, "Bel" teria pago R$ 15.000 -R$ 10.000 em dinheiro e R$ 5.000 em cheque.
O cheque, no entanto, não teria
fundos e, de acordo com Silva, várias ameaças foram feitas por
Correia Lima devido ao "calote".
"Bel" foi preso pela polícia maranhense, acusado de envolvimento no assassinato de um delegado, e morto por policiais civis
no trajeto entre Santa Inês (MA),
onde havia prestado depoimento
por outro crime, e São Luís.
No Piauí, a suposta ligação entre
os grupos foi reforçada na semana passada com o depoimento do
empresário Abraão Rodrigues
Viana Filho. O empresário afirmou que, em 97, o coronel teria
escondido em seu sítio uma carga
de cigarros roubados, depois vendida no Maranhão.
O empresário, que teve a prisão
decretada por suspeita de envolvimento em dois homicídios, acusa o então secretário estadual da
Segurança Pública, atual secretário estadual de Governo do Piauí,
Juarez Tapety, de ter impedido
uma operação policial de busca
dos cigarros roubados no sítio do
coronel Correia Lima.
O então chefe da operação, delegado Francisco das Chagas Santos
Costa, o "Bareta", confirmou à
Agência Folha que cancelou a
ação porque Tapety avisou da
operação o então comandante da
PM, Waldir Falcão, tido como envolvido com Correia Lima, e depois exonerado do cargo por suspeita de ligação com o crime organizado.
Em entrevista coletiva, o secretário de governo negou a acusação.
(FG)
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