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FIGURINO
"É a briga entre a vontade de abraçar as pessoas e o ritual exigido de um presidente", afirma petista
Lula diz viver luta interna entre palácio e rua
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
afirmou ontem que terá de enfrentar uma "briga" interna para
conciliar o ritual de um presidente da República ao desejo, segundo ele, de "abraçar e de beijar todo mundo na rua".
"Fico mal de sair de uma atividade qualquer e não pegar na
mão das pessoas, é um hábito
político", afirmou o petista. Desde domingo, quando foi eleito,
Lula tem quebrado todos os protocolos. Ele costuma, por exemplo, deixar o carro, para surpresa
de seus seguranças, e sair sozinho cumprimentando pessoas.
"É uma briga entre a minha
vontade de abraçar as pessoas e
o ritual exigido de um presidente", disse Lula. "Se eu pudesse,
abraçaria e beijaria todo mundo.
Acho que o contato direto com
as pessoas é uma coisa insubstituível. A gente não faz política
pela televisão ou pelo rádio, faz
política conversando com as
pessoas."
Desde domingo, Lula é assediado em várias manifestações
públicas como uma liderança
sobre quem se depositam características messiânicas.
"Você é a nossa esperança",
ouviu ontem de um homem que
se apresentou como um "desempregado há dois anos". Uma
mulher, aos prantos, abraçou
Lula e lhe desejou sorte.
Assédio
O assédio é considerado "normal" para o presidente eleito.
"São pessoas que me acompanham há 20 anos, que votaram
em mim em 1989, em 1994 e em
1998. São pessoas que tinham essa vitória na alma", afirmou.
"Mas, de qualquer forma, o
que o povo espera é que a gente
faça as coisas simples, coisas que
possam melhorar a vida deles",
disse Lula.
Antes de sua primeira aparição ontem, Lula surpreendeu a
imprensa e as cerca de 30 pessoas que o esperavam na calçada, em frente ao prédio em que
vive, em São Bernardo do Campo, região do ABC paulista.
Em vez de sair pela garagem,
em um carro com seguranças,
Lula deixou o prédio sozinho e
pelo portão social.
Em pé, na escada do prédio, ele
assistia à confusão provocada e
ria. De sua casa, Lula seguiu com
seis seguranças para o comitê
petista.
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