São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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FIGURINO

"É a briga entre a vontade de abraçar as pessoas e o ritual exigido de um presidente", afirma petista

Lula diz viver luta interna entre palácio e rua

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou ontem que terá de enfrentar uma "briga" interna para conciliar o ritual de um presidente da República ao desejo, segundo ele, de "abraçar e de beijar todo mundo na rua".
"Fico mal de sair de uma atividade qualquer e não pegar na mão das pessoas, é um hábito político", afirmou o petista. Desde domingo, quando foi eleito, Lula tem quebrado todos os protocolos. Ele costuma, por exemplo, deixar o carro, para surpresa de seus seguranças, e sair sozinho cumprimentando pessoas.
"É uma briga entre a minha vontade de abraçar as pessoas e o ritual exigido de um presidente", disse Lula. "Se eu pudesse, abraçaria e beijaria todo mundo. Acho que o contato direto com as pessoas é uma coisa insubstituível. A gente não faz política pela televisão ou pelo rádio, faz política conversando com as pessoas."
Desde domingo, Lula é assediado em várias manifestações públicas como uma liderança sobre quem se depositam características messiânicas.
"Você é a nossa esperança", ouviu ontem de um homem que se apresentou como um "desempregado há dois anos". Uma mulher, aos prantos, abraçou Lula e lhe desejou sorte.

Assédio
O assédio é considerado "normal" para o presidente eleito.
"São pessoas que me acompanham há 20 anos, que votaram em mim em 1989, em 1994 e em 1998. São pessoas que tinham essa vitória na alma", afirmou.
"Mas, de qualquer forma, o que o povo espera é que a gente faça as coisas simples, coisas que possam melhorar a vida deles", disse Lula.
Antes de sua primeira aparição ontem, Lula surpreendeu a imprensa e as cerca de 30 pessoas que o esperavam na calçada, em frente ao prédio em que vive, em São Bernardo do Campo, região do ABC paulista.
Em vez de sair pela garagem, em um carro com seguranças, Lula deixou o prédio sozinho e pelo portão social.
Em pé, na escada do prédio, ele assistia à confusão provocada e ria. De sua casa, Lula seguiu com seis seguranças para o comitê petista.


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