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CONGRESSO
Com aliança, partido de Lula quer evitar que outras siglas lancem nomes para a Câmara dos Deputados
PT e PMDB negociam presidência do Senado
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT deve apoiar o candidato
do partido majoritário, provavelmente o PMDB, na eleição para a
presidência do Senado para desestimular as demais siglas a apresentarem candidato à Câmara dos
Deputados, onde elegeu a maior
bancada.
PMDB e PFL têm as maiores
bancadas no Senado, com 19 senadores cada um, mas os peemedebistas têm praticamente acertada a adesão de três senadores.
Além disso, os suplentes de Paulo
Hartung (PSB), eleito governador
do Espírito Santo, e de José Alencar (PL), eleito vice-presidente,
podem trocar de partido.
Pela tradição, o partido de
maior bancada indica o presidente do Senado. Ao contrário de outras situações recentes, o senador
José Sarney (PMDB-AP) decidiu
assumir publicamente que é candidato. Espera ter o apoio do PT,
criar um fato consumado e se eleger com votos de todas as siglas.
O PMDB, que tem outros dois
candidatos, reagiu. Em Pernambuco, o governador reeleito Jarbas Vasconcelos, que saiu fortalecido da eleição, deu declaração
contra Sarney. O líder no Senado,
Renan Calheiros (AL), disse que
pode apoiá-lo desde que ele se
submeta à decisão da bancada.
O PT gostaria que o indicado do
PMDB fosse Sarney, que apoiou e
votou em Luiz Inácio Lula da Silva. Mas a sigla dispõe de dois outros candidatos: Renan e o atual
presidente do Senado, Ramez Tebet (MS), que tem direito à reeleição e está disposto a disputá-la.
Nas contas do PT, Sarney teria
nove votos na bancada, sete seriam anti-Sarney e cinco poderiam ir para qualquer um dos lados (considerando os dois suplentes que podem trocar de legenda). Nas contas dos adversários do senador amapaense, ele
não teria mais que seis votos.
Acerto
Os atuais dirigentes do PMDB
pretendem tratar do assunto com
Lula "institucionalmente". Ou seja, a bancada do partido majoritário se reúne, escolhe o candidato e
os demais o apóiam. Com isso,
pretendem evitar que Sarney lance sua candidatura diretamente
no plenário.
Caso isso ocorra, eles pretendem dar o troco na Câmara,
apoiando outra candidatura contra o PT. O partido, integrado por
diversas correntes, racharia, mas
um grupo iria se entrincheirar na
oposição, criando problemas para a governabilidade que a sigla
prometeu apoiar.
O PFL -com 19 senadores e 84
deputados- quer participar da
negociação das presidências. Reservadamente, integrantes da cúpula admitem lançar o nome do
atual vice-presidente Marco Maciel (PE), eleito senador.
O PSDB pretende apoiar a tese
da "tradição" no Senado e na Câmara: o partido majoritário indica o candidato a presidente. Mas
só começará a discutir o assunto
na próxima semana.
O assunto será tema central da
pauta das reuniões que o partido
terá na terça-feira e na quarta-feira da próxima semana com os
cinco governadores que elegeu e
com as bancadas no Congresso.
Enquanto isso, Sarney trabalha
nos bastidores, pedindo o voto
dos senadores que vão indicar o
candidato e até de governadores
eleitos. Ontem, por exemplo, conversou com Roberto Requião
(PR) e com Pedro Simon (RS).
Colaborou RAQUEL ULHÔA, da Sucursal
de Brasília
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