São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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CONGRESSO

Com aliança, partido de Lula quer evitar que outras siglas lancem nomes para a Câmara dos Deputados

PT e PMDB negociam presidência do Senado

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT deve apoiar o candidato do partido majoritário, provavelmente o PMDB, na eleição para a presidência do Senado para desestimular as demais siglas a apresentarem candidato à Câmara dos Deputados, onde elegeu a maior bancada.
PMDB e PFL têm as maiores bancadas no Senado, com 19 senadores cada um, mas os peemedebistas têm praticamente acertada a adesão de três senadores. Além disso, os suplentes de Paulo Hartung (PSB), eleito governador do Espírito Santo, e de José Alencar (PL), eleito vice-presidente, podem trocar de partido.
Pela tradição, o partido de maior bancada indica o presidente do Senado. Ao contrário de outras situações recentes, o senador José Sarney (PMDB-AP) decidiu assumir publicamente que é candidato. Espera ter o apoio do PT, criar um fato consumado e se eleger com votos de todas as siglas.
O PMDB, que tem outros dois candidatos, reagiu. Em Pernambuco, o governador reeleito Jarbas Vasconcelos, que saiu fortalecido da eleição, deu declaração contra Sarney. O líder no Senado, Renan Calheiros (AL), disse que pode apoiá-lo desde que ele se submeta à decisão da bancada.
O PT gostaria que o indicado do PMDB fosse Sarney, que apoiou e votou em Luiz Inácio Lula da Silva. Mas a sigla dispõe de dois outros candidatos: Renan e o atual presidente do Senado, Ramez Tebet (MS), que tem direito à reeleição e está disposto a disputá-la.
Nas contas do PT, Sarney teria nove votos na bancada, sete seriam anti-Sarney e cinco poderiam ir para qualquer um dos lados (considerando os dois suplentes que podem trocar de legenda). Nas contas dos adversários do senador amapaense, ele não teria mais que seis votos.

Acerto
Os atuais dirigentes do PMDB pretendem tratar do assunto com Lula "institucionalmente". Ou seja, a bancada do partido majoritário se reúne, escolhe o candidato e os demais o apóiam. Com isso, pretendem evitar que Sarney lance sua candidatura diretamente no plenário.
Caso isso ocorra, eles pretendem dar o troco na Câmara, apoiando outra candidatura contra o PT. O partido, integrado por diversas correntes, racharia, mas um grupo iria se entrincheirar na oposição, criando problemas para a governabilidade que a sigla prometeu apoiar.
O PFL -com 19 senadores e 84 deputados- quer participar da negociação das presidências. Reservadamente, integrantes da cúpula admitem lançar o nome do atual vice-presidente Marco Maciel (PE), eleito senador.
O PSDB pretende apoiar a tese da "tradição" no Senado e na Câmara: o partido majoritário indica o candidato a presidente. Mas só começará a discutir o assunto na próxima semana.
O assunto será tema central da pauta das reuniões que o partido terá na terça-feira e na quarta-feira da próxima semana com os cinco governadores que elegeu e com as bancadas no Congresso.
Enquanto isso, Sarney trabalha nos bastidores, pedindo o voto dos senadores que vão indicar o candidato e até de governadores eleitos. Ontem, por exemplo, conversou com Roberto Requião (PR) e com Pedro Simon (RS).


Colaborou RAQUEL ULHÔA, da Sucursal de Brasília


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