Governo gasta R$ 50 mil com cerimônia

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Com uma festa de R$ 50 mil, valor suficiente para a distribuição de bolsas-escola a 3.333 crianças por um mês ou a 278 alunos por um ano, o governo federal comemorou ontem, em Osasco (SP), a entrega do cartão número 4 milhões de acesso ao programa.
Acompanhado da apresentadora infantil Eliana e da atleta Maurren Maggi, o presidente Fernando Henrique Cardoso participou do evento de implementação do programa na cidade. Precedido no palco por Eliana, FHC foi saudado pela apresentadora como ""uma pessoa querida" e cujo governo ""merece todos os aplausos".
""Deus abençoe as pessoas que tiveram essa iniciativa. Deus abençoe o presidente. Acredito que nenhum governo se preocupou tanto com a educação", disse ela que, segundo seu empresário, não recebeu cachê pela presença na festa.
"[Isso] é dignidade, é cidadania, é direito de vocês. Não estou dando nada. Estou apenas cumprindo preceitos constitucionais e assegurando direitos àqueles que nasceram no Brasil", discursou FHC.
Enfatizando os programas sociais desenvolvidos por sua administração, o presidente prometeu acabar com a ""nódoa" do analfabetismo no país e tentou dissipar o mal-estar criado com os professores quando afirmou, na terça-feira, que cientistas que não produzem passam a dar aulas.
""Em muito poucos anos não haverá analfabetos. E essa é a maior alegria, como professor que sou, como marido da Ruth, que é professora, como pai da Bia, que é professora. Não podemos ter maior alegria."
O Bolsa-Escola federal distribui mensalmente R$ 15 a crianças pertencentes a famílias com renda per capita de até R$ 90 e que frequentem 85% de suas aulas por mês. Cada família tem o direito de receber o benefício por até três crianças.
Afirmando que a tarefa de estabilizar a moeda e de enfrentar crises ""não foi fácil", o presidente agradeceu o apoio que disse ter recebido de prefeitos, governadores e do Congresso na implantação dos projetos.
Depois de prever crescimento próximo a 3% para o país, elogiou os parlamentares pela aprovação do fundo de combate à pobreza, de iniciativa do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e declarou que vai lutar pelo aumento da alíquota do imposto de renda para os contribuintes que ganham mais de R$ 9.000.
""Toma-se dos mais ricos e dos menos pobres e dá-se diretamente aos mais pobres."
Em tom de comício, FHC brincou, dizendo que aceitaria voltar à cidade, como propôs o prefeito Celso Giglio (PSDB), mas não só na companhia do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do ministro Paulo Renato. ""Quero voltar com a Eliana, com a Maurren. Quero voltar não só com os homens."
Além dos R$ 50 mil gastos pelo Ministério da Educação com a festa -segundo a assessoria da pasta-, a prefeitura declarou ter investido outros R$ 8.000 com transporte e lanches para as crianças que receberiam o benefício e seus pais.


Texto Anterior: PFL-RJ priorizará Roseana, diz Maia
Próximo Texto: Igreja quer voto em política oposta à atual
Índice