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São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2003

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Mercosul tentará negociar acordo de livre comércio com Egito, diz Amorim

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A presença do ex-presidente argentino Eduardo Duhalde na viagem de Lula a países árabes pode facilitar entendimentos preliminares para acordos com o Egito, diz o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Duhalde é hoje presidente da Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul.
O Egito é um dos países mais importantes do mundo árabe. Tem a segunda maior economia, depois da Arábia Saudita.
Para Amorim, os resultados dessa viagem não podem ser esperados no curto prazo. Nunca é assim. O chanceler brasileiro acredita que será aberta uma janela de oportunidades com a ida do presidente Lula. (FR)

 

Folha - Qual a importância dessa viagem aos países árabes?
Celso Amorim -
O presidente tem procurado traçar, diversificar as relações econômicas, comerciais e políticas.

Folha - O fato de a Arábia Saudita ter sido retirada do roteiro se deveu a quê?
Amorim -
Foi uma questão puramente de datas. Eles demoraram muito a responder. Quando responderam, nós já tínhamos fechado a data com os outros, que tinham respondido antes.

Folha - O fator segurança teve influência?
Amorim -
Pode-se sempre especular, mas não tenho nenhuma informação que leve a isso.

Folha - Dos países que ficaram no roteiro, quais o sr. destacaria?
Amorim -
O Líbano é um país que tem uma enorme comunidade no Brasil. Não quero comparar com Portugal, mas tem laços afetivos importantes. E não vai nenhum governante brasileiro lá desde Pedro 2º. A Síria está em situação parecida, pelo número de descendentes no Brasil. O Líbano e a Síria têm uma comunidade de 10 milhões ou 8 milhões no Brasil, dependendo como você conta.

Folha - E no caso do Egito?
Amorim -
É a sede da Liga dos Estados Árabes. É um país importante no contexto internacional, fator de peso até no Conselho de Segurança da ONU (CS). O presidente Hosni Mubarak é um líder internacional importante. O Brasil vai estar no ano que vem no CS. É um país de 70 milhões de habitantes, um mercado potencial e para cooperação em várias áreas.

Folha - E a Líbia?
Amorim -
A Líbia é rica em petróleo, portanto tem recursos também e há sempre programas de obras importantes. Há um ressurgimento agora, depois das eliminações das sanções que antes eram impostas pela ONU.

Folha - Qual é a importância do convite que o presidente Lula fez ao ex-presidente Duhalde para ir junto na viagem?
Amorim -
Denota claramente um interesse de colocar o Mercosul como um pólo de atração. Não se trata de atrair apenas para o Brasil. É um fato marcante o convite ao presidente Duhalde. Não estou prevendo que algo vá ocorrer ou ser lançado imediatamente. Essas coisas têm um tempo de maturação, mas o Mercosul está negociando acordo de livre comércio com a África do Sul. Está negociando com a Índia. Nada impede que a gente possa negociar um acordo de livre comércio, por exemplo, com o Egito. Aí teria que ser o Mercosul.



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