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Mercosul tentará negociar acordo de livre comércio com Egito, diz Amorim
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A presença do ex-presidente argentino Eduardo Duhalde na viagem de Lula a países árabes pode
facilitar entendimentos preliminares para acordos com o Egito,
diz o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Duhalde é hoje presidente da
Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul.
O Egito é um dos países mais
importantes do mundo árabe.
Tem a segunda maior economia,
depois da Arábia Saudita.
Para Amorim, os resultados
dessa viagem não podem ser esperados no curto prazo. Nunca é
assim. O chanceler brasileiro
acredita que será aberta uma janela de oportunidades com a ida
do presidente Lula.
(FR)
Folha - Qual a importância dessa
viagem aos países árabes?
Celso Amorim - O presidente tem
procurado traçar, diversificar as
relações econômicas, comerciais
e políticas.
Folha - O fato de a Arábia Saudita
ter sido retirada do roteiro se deveu a quê?
Amorim - Foi uma questão puramente de datas. Eles demoraram
muito a responder. Quando responderam, nós já tínhamos fechado a data com os outros, que
tinham respondido antes.
Folha - O fator segurança teve influência?
Amorim - Pode-se sempre especular, mas não tenho nenhuma
informação que leve a isso.
Folha - Dos países que ficaram no
roteiro, quais o sr. destacaria?
Amorim - O Líbano é um país
que tem uma enorme comunidade no Brasil. Não quero comparar
com Portugal, mas tem laços afetivos importantes. E não vai nenhum governante brasileiro lá
desde Pedro 2º. A Síria está em situação parecida, pelo número de
descendentes no Brasil. O Líbano
e a Síria têm uma comunidade de
10 milhões ou 8 milhões no Brasil,
dependendo como você conta.
Folha - E no caso do Egito?
Amorim - É a sede da Liga dos Estados Árabes. É um país importante no contexto internacional,
fator de peso até no Conselho de
Segurança da ONU (CS). O presidente Hosni Mubarak é um líder
internacional importante. O Brasil vai estar no ano que vem no CS.
É um país de 70 milhões de habitantes, um mercado potencial e
para cooperação em várias áreas.
Folha - E a Líbia?
Amorim - A Líbia é rica em petróleo, portanto tem recursos
também e há sempre programas
de obras importantes. Há um ressurgimento agora, depois das eliminações das sanções que antes
eram impostas pela ONU.
Folha - Qual é a importância do
convite que o presidente Lula fez
ao ex-presidente Duhalde para ir
junto na viagem?
Amorim - Denota claramente
um interesse de colocar o Mercosul como um pólo de atração. Não
se trata de atrair apenas para o
Brasil. É um fato marcante o convite ao presidente Duhalde. Não
estou prevendo que algo vá ocorrer ou ser lançado imediatamente. Essas coisas têm um tempo de
maturação, mas o Mercosul está
negociando acordo de livre comércio com a África do Sul. Está
negociando com a Índia. Nada
impede que a gente possa negociar um acordo de livre comércio,
por exemplo, com o Egito. Aí teria
que ser o Mercosul.
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