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Roteiro de Lula retrata diversidade do Oriente Médio
GUSTAVO CHACRA
DA REDAÇÃO
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, descobrirá, na
sua viagem ao Oriente Médio nesta semana, que o mundo árabe é
bem menos homogêneo do que se
imagina. Conhecerá a ocidentalizada Beirute (Líbano), a moderna
Dubai (Emirados Árabes Unidos), a histórica Cairo (Egito), a
atrasada Trípoli (Líbia) e a muçulmana Damasco (Síria).
Não há, entre os países visitados, nenhuma democracia. O que
mais se aproxima é o Líbano, onde há eleições e partidos políticos.
Porém seu governo é controlado
pela Síria -uma ditadura.
Seu primeiro contato com o
mundo árabe se dará em Damasco, a cidade há mais tempo habitada ininterruptamente: desde
5.000 a.C.. Lula poderá ver bem
como é o mundo árabe e islâmico
na cidade visitando a mesquita de
Umayyad e os "suqs", como são
chamados os mercados.
Além de todo o cenário das mil e
uma noites, o presidente verá um
país estatizado que vive sob a ditadura de Bashar al Assad, filho do
ex-ditador Hafez al Assad. Ele é
muçulmano alauíta, uma facção
minoritária no país majoritariamente sunita.
A Síria é acusada pelos EUA de
apoiar o terrorismo. Em Damasco, há muitos escritórios de grupos terroristas palestinos. Os sírios também são constantemente
condenados por manterem cerca
de 20 mil militares no Líbano,
além de exercerem controle sobre
a política libanesa. Assad nega
apoiar o terrorismo e afirma que
está no Líbano a convite do próprio governo libanês. A Síria reclama a devolução das colinas do
Golã, ocupadas por Israel desde a
guerra árabe-israelense de 1967.
Os dois países voltaram a se enfrentar em 1973. Posteriormente,
utilizaram o Líbano como palco
de suas batalhas. Neste ano, uma
base supostamente de grupos terroristas palestinos foi atacada por
Israel na Síria, em uma ação inédito em quase 40 anos.
A escala seguinte de Lula será
Beirute, capital libanesa, que é
ocidentalizada (leia nesta página).
Após visitar o Líbano, o presidente brasileiro embarcará para
os Emirados Árabes Unidos. Abu
Dhabi e Dubai, as cidades que fazem parte do roteiro, são das mais
modernas do mundo árabe. O dinheiro do petróleo provocou um
boom nos anos 60 e 70 que transformaram o país. Dubai é a mais
cosmopolita das cidades do país.
Pessoas do mundo inteiro circulam por seus hotéis e restaurantes.
O Cairo, próxima etapa da visita, é a mais conhecida e importante cidade do mundo árabe. A capital egípcia tem um lado ocidentalizado, como Beirute, e outro islâmico, como Damasco. Mas é única pela sua história, cuja principal
atração são as pirâmides de Giza.
O Egito é aliado dos EUA e tem
acordo de paz com Israel. O país
busca ser intermediário nas negociações entre israelenses e palestinos, apesar de sempre se posicionar do lado árabe. Os egípcios são
governados pelo presidente Hosni Mubarak, no poder desde 1981.
Seus problemas de saúde têm
provocado discussões no país sobre quem poderá sucedê-lo.
Após deixar o Egito, Lula se encontrará com o ditador líbio,
Muammar Ghaddafi. Nos anos
80, ele era o inimigo número um
dos EUA e sua capital, Trípoli,
chegou a ser bombardeada. Em
1992, a ONU decidiu aplicar sanções contra a Líbia devido ao suposto envolvimento do governo
em atentado contra um avião
americano, quatro anos antes.
Com uma política de aproximação com o Ocidente e bem mais
diplomático, Ghaddafi aos poucos tem conseguido deixar a condição de pária internacional. Em
setembro, a ONU levantou as sanções impostas à Líbia.
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