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São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2003

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Roteiro de Lula retrata diversidade do Oriente Médio

GUSTAVO CHACRA
DA REDAÇÃO

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, descobrirá, na sua viagem ao Oriente Médio nesta semana, que o mundo árabe é bem menos homogêneo do que se imagina. Conhecerá a ocidentalizada Beirute (Líbano), a moderna Dubai (Emirados Árabes Unidos), a histórica Cairo (Egito), a atrasada Trípoli (Líbia) e a muçulmana Damasco (Síria).
Não há, entre os países visitados, nenhuma democracia. O que mais se aproxima é o Líbano, onde há eleições e partidos políticos. Porém seu governo é controlado pela Síria -uma ditadura.
Seu primeiro contato com o mundo árabe se dará em Damasco, a cidade há mais tempo habitada ininterruptamente: desde 5.000 a.C.. Lula poderá ver bem como é o mundo árabe e islâmico na cidade visitando a mesquita de Umayyad e os "suqs", como são chamados os mercados.
Além de todo o cenário das mil e uma noites, o presidente verá um país estatizado que vive sob a ditadura de Bashar al Assad, filho do ex-ditador Hafez al Assad. Ele é muçulmano alauíta, uma facção minoritária no país majoritariamente sunita.
A Síria é acusada pelos EUA de apoiar o terrorismo. Em Damasco, há muitos escritórios de grupos terroristas palestinos. Os sírios também são constantemente condenados por manterem cerca de 20 mil militares no Líbano, além de exercerem controle sobre a política libanesa. Assad nega apoiar o terrorismo e afirma que está no Líbano a convite do próprio governo libanês. A Síria reclama a devolução das colinas do Golã, ocupadas por Israel desde a guerra árabe-israelense de 1967. Os dois países voltaram a se enfrentar em 1973. Posteriormente, utilizaram o Líbano como palco de suas batalhas. Neste ano, uma base supostamente de grupos terroristas palestinos foi atacada por Israel na Síria, em uma ação inédito em quase 40 anos.
A escala seguinte de Lula será Beirute, capital libanesa, que é ocidentalizada (leia nesta página).
Após visitar o Líbano, o presidente brasileiro embarcará para os Emirados Árabes Unidos. Abu Dhabi e Dubai, as cidades que fazem parte do roteiro, são das mais modernas do mundo árabe. O dinheiro do petróleo provocou um boom nos anos 60 e 70 que transformaram o país. Dubai é a mais cosmopolita das cidades do país. Pessoas do mundo inteiro circulam por seus hotéis e restaurantes.
O Cairo, próxima etapa da visita, é a mais conhecida e importante cidade do mundo árabe. A capital egípcia tem um lado ocidentalizado, como Beirute, e outro islâmico, como Damasco. Mas é única pela sua história, cuja principal atração são as pirâmides de Giza.
O Egito é aliado dos EUA e tem acordo de paz com Israel. O país busca ser intermediário nas negociações entre israelenses e palestinos, apesar de sempre se posicionar do lado árabe. Os egípcios são governados pelo presidente Hosni Mubarak, no poder desde 1981. Seus problemas de saúde têm provocado discussões no país sobre quem poderá sucedê-lo.
Após deixar o Egito, Lula se encontrará com o ditador líbio, Muammar Ghaddafi. Nos anos 80, ele era o inimigo número um dos EUA e sua capital, Trípoli, chegou a ser bombardeada. Em 1992, a ONU decidiu aplicar sanções contra a Líbia devido ao suposto envolvimento do governo em atentado contra um avião americano, quatro anos antes.
Com uma política de aproximação com o Ocidente e bem mais diplomático, Ghaddafi aos poucos tem conseguido deixar a condição de pária internacional. Em setembro, a ONU levantou as sanções impostas à Líbia.



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