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A EXPLICAÇÃO
"Paguei pelas terras", afirma fazendeiro
Acusado de grilagem diz ter 27 quilos de documentos para provar que sua posse é legal
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Falb Saraiva de Farias -que
tem endereços no Acre, Mato
Grosso do Sul, São Paulo e Rio
Grande do Sul- mora temporariamente em Manaus, sem a
família, em casa alugada por R$
900. Diz ter 27 quilos de documentos para provar que é dono
legítimo das terras que controla.
Agência Folha - Como o sr. adquiriu 10 milhões de hectares de
terras entre Amazonas e Acre?
Falb Saraiva de Farias - Eu não
vou negar que sou um dos maiores latifundiários do Brasil. Sou o
que sou, não gosto de mentiras.
Dessas terras, uns 3 milhões (de
hectares) estão cadastrados em
meu nome e no de minhas empresas. O resto ainda está sendo
cadastrado. Acho que tenho, na
verdade, uns 6 milhões. As terras
são originárias do patrimônio de
uma viúva, Maria Luiza Hildalgo
Lima de Barros. Ela transferiu
para mim, em 76, uma certidão
do registro de imóvel de 54.
Agência Folha - Segundo o Incra, são certidões de terras pertencentes a União. Os registros
foram alterados?
Farias - Eu não acredito que os
advogados amazonenses vão ignorar que as terras aqui são limites de confrontações e não áreas
definidas. As terras são marcadas por estradas de seringais. Eu
não sabia naquela época o tamanho exato.
Agência Folha - Quanto o sr. pagou por essas terras?
Farias - Na época gastei uns 20
milhões. Eram cruzeiros. Paguei
em 20 anos. Tentei abrir um
condomínio para vender as terras, mas nunca consegui.
Agência Folha - Foi por isso que
o sr. abriu a empresa Acresul Empreendimentos Imobiliários? O sr.
queria fazer um condomínio no
meio da floresta?
Farias - Minha intenção era fazer um consórcio de condomínio. Quando eu comprei a terra,
não se falava em preservação.
Todo mundo sabe -só o Incra
que não- que o solo da Amazônia não é bom para a agricultura,
para a reforma agrária.
Agência Folha - Pelas contas do
Incra, o sr. abriu mais de 20 empresas. E transferiu para elas
grandes extensões de terras...
Farias - Quando se tem um patrimônio desse tamanho, como
pessoa física, não é interessante.
É mais fácil legalizar a terra como pessoa jurídica. Eu pago os
impostos.
Agência Folha - Quando foi o último pagamento de Imposto Territorial Rural à Receita Federal?
Farias - Ultimamente eu não
estou conseguindo pagar o imposto da Receita. Eu calculo que
deva uns R$ 600 mil. Não pago
porque não tenho como pagar.
Agência Folha - Qual é a sua relação com a ONG Fundação Amazonas Forever Green?
Farias - Sou um dos fundadores. Como tinha essa idéia de
preservar, doei 100 mil hectares.
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