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Informalidade dá tom de cerimônia
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A sessão solene do Congresso
na qual tomou posse Luiz Inácio
Lula da Silva foi marcada pela informalidade dos protagonistas e
pela emoção contida do público
que assistiu o discurso do presidente petista no plenário.
Apesar de ter sido interrompido
30 vezes por aplausos durante seu
discurso, todas as manifestações
foram rápidas, durando de 3 a 4
segundos. Só uma vez o presidente foi aplaudido com vigor, quando defendeu uma solução pacífica
para os conflitos no Oriente Médio. Quase metade do plenário
chegou a ficar de pé.
A informalidade ficou por conta
de várias quebras do protocolo e
da já tradicional mania dos congressistas de não se sentarem nas
cadeiras no plenário -embora
ontem houvesse mais convidados
do que cadeiras disponíveis. Muitos acabaram de pé no corredor
do meio do plenário da Câmara
(que serve para as sessões do Congresso) ou em frente à mesa.
Logo no início da sessão, o deputado Heráclito Fortes (PFL-PI)
fez uma brincadeira com o líder
do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP). "Veja como a oposição
está com boa vontade. Não vamos
pedir verificação de quórum para
a sessão de hoje."
Na realidade, sessões solenes do
Congresso podem ser abertas
com "qualquer número" de congressistas. João Paulo respondeu
a Fortes: "Espero que vocês continuem assim daqui para a frente".
No plenário, a Folha contou pelo menos 14 mulheres vestidas de
vermelho. A senadora Heloísa
Helena (PT-AL) vestia um vestido
vermelho de linha, todo rendado
e um pouco acima do joelho. Seu
vestuário era motivo de comentários no plenário, pois ela sempre
comparece às sessões do Senado
de calça jeans e camisa branca.
Ao chegar ao Salão Negro do
Congresso, Lula interrompeu sua
caminhada em direção ao plenário para abraçar a atriz Lélia Abramo, 92, sentada na primeira fila
dos convidados, e recebeu uma
queixa: ""Eu falei no ouvido dele
que estou entristecida porque ele
nomeou o Gilberto Gil ministro
da Cultura". Lula beijou-a e continuou o percurso sem responder.
Ex-trotskista (seguidora do líder comunista León Trotski) e
uma das primeiras intelectuais a
assinar a criação do PT, Lélia conhece -e apóia- Lula desde a
década de 70.
Autógrafo de Fidel
As autoridades estrangeiras
presentes chamaram a atenção
dos parlamentares. Quando Lula
começou a discursar, às 15h21, o
ditador cubano, Fidel Castro, ainda dava um autógrafo para o deputado Moroni Torgan (PFL-CE).
Os presidentes da Argentina,
Eduardo Duhalde, e da Venezuela, Hugo Chávez, sentaram-se lado a lado. Conversaram durante a
maior parte da cerimônia.
Só os estrangeiros receberam o
discurso do petista impresso. Ao
final da cerimônia, a primeira versão disponível era uma cópia impressa do discurso em inglês, esquecida por algum representante
de um governo estrangeiro.
O senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) levou sua mãe, Filomena,
de 94 anos à cerimônia. O senador
chamou a atenção de todos ao gritar três "vivas" às 15h13, depois da
execução do Hino Nacional: "Viva o Lula", "Viva o José Alencar" e
"Viva o Brasil".
Lula discursou por 44 minutos,
como previsto. Saiu do salão verde da Câmara às 16h30. Demorou
para chegar à rampa do Congresso e assistir à salva de tiros de canhão porque decidiu colocar uma
camisa limpa, pois estava suado
-foi levado até salão nobre do
Congresso, onde fez a troca.
Colaborou RAQUEL ULHÔA, da Sucursal
de Brasília
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