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CONGRESSO
Oposição faz ironia, mas negocia apoio a reformas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
A oposição, sobretudo PSDB e
PFL, reagiu com ironia ao discurso de posse do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que considerou moderado no tom, mas exagerado nas promessas. Lula terá o
apoio que pediu no pronunciamento de posse para votar as reformas estruturais, mas terá de
negociar caso a caso.
"Vai ser mais difícil fazer do que
falar", disse o líder do governo
FHC no Senado, Romero Jucá
(PSDB-RR). "Se o governo é equilibrado, é mais fácil fazer oposição
moderada", afirmou José Carlos
Aleluia (BA), vice-líder do PFL na
Câmara.
Preterido na formação do ministério Lula, o PMDB refletiu sua
divisão. "Para haver mudanças é
preciso que o partido apóie", disse o senador Maguito Vilela (GO),
da ala dissidente do comando da
sigla. "Foi uma declaração de
princípios", afirmou o senador
Amir Lando (RO).
Mais irônico, o vice-líder de
FHC no Congresso, Ricardo Barros (PPB-PR), comentou: "O Duda [Mendonça, marqueteiro de
Lula na campanha" foi muito bem
no discurso. Achei muito bom.
Poderia ter sido feito pelo presidente Fernando Henrique".
Para os líderes oposicionistas, o
fato de Lula evocar a grande votação que teve para cobrar do Congresso apoio às reformas estruturais não quer dizer que o Legislativo deva passar um cheque em
branco para o novo governo.
"O presidente deixa agora a trilha do sonho, da esperança e entra
na trilha da realidade do poder,
com suas limitações políticas, orçamentárias e internacionais", diz
Jucá. Para ele, à medida que Lula
avançar nas reformas e "cortar
garantias e conquistas, isso vai
apressar o desgaste do governo".
Segundo tucanos e pefelistas,
quem vai ditar o ritmo das reformas -previdenciária, tributária,
trabalhista e política- é o presidente. Eles devem analisar caso a
caso. "O PFL não deve se aproveitar da fragilidade do governo Lula, que não tem maioria, para obstruir a pauta. O partido deve ajudar a aprovar a reforma da Previdência", disse Aleluia.
"Voto a favor da contribuição
dos inativos", disse Barros, tocando num aspecto da reforma previdenciária que o PT sempre se recusou a aprovar.
Ao contrário da oposição, os
novos partidos governistas saudaram o discurso de Lula, inclusive o presidente do PDT, Leonel
Brizola, que tem feito críticas ao
novo governo: "Foi moderado,
mas foi preciso. Bem mais do que
nós, ele [Lula" assimilou as aspirações do povo brasileiro".
O líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto (SP), declarou-se
"comovido com a clareza" da fala
de Lula, mas "sobretudo com a
empatia com o público".
O ministro da Casa Civil, José
Dirceu, disse que o pronunciamento transmitiu "esperança e
otimismo". Mas deu o tom dos
próximos passos: "A palavra de
ordem a partir de agora é trabalhar, trabalhar".
(RAYMUNDO COSTA, LUCIO VAZ E OTÁVIO CABRAL)
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