São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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CONGRESSO

Oposição faz ironia, mas negocia apoio a reformas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DO PAINEL, EM BRASÍLIA

A oposição, sobretudo PSDB e PFL, reagiu com ironia ao discurso de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que considerou moderado no tom, mas exagerado nas promessas. Lula terá o apoio que pediu no pronunciamento de posse para votar as reformas estruturais, mas terá de negociar caso a caso.
"Vai ser mais difícil fazer do que falar", disse o líder do governo FHC no Senado, Romero Jucá (PSDB-RR). "Se o governo é equilibrado, é mais fácil fazer oposição moderada", afirmou José Carlos Aleluia (BA), vice-líder do PFL na Câmara.
Preterido na formação do ministério Lula, o PMDB refletiu sua divisão. "Para haver mudanças é preciso que o partido apóie", disse o senador Maguito Vilela (GO), da ala dissidente do comando da sigla. "Foi uma declaração de princípios", afirmou o senador Amir Lando (RO).
Mais irônico, o vice-líder de FHC no Congresso, Ricardo Barros (PPB-PR), comentou: "O Duda [Mendonça, marqueteiro de Lula na campanha" foi muito bem no discurso. Achei muito bom. Poderia ter sido feito pelo presidente Fernando Henrique".
Para os líderes oposicionistas, o fato de Lula evocar a grande votação que teve para cobrar do Congresso apoio às reformas estruturais não quer dizer que o Legislativo deva passar um cheque em branco para o novo governo.
"O presidente deixa agora a trilha do sonho, da esperança e entra na trilha da realidade do poder, com suas limitações políticas, orçamentárias e internacionais", diz Jucá. Para ele, à medida que Lula avançar nas reformas e "cortar garantias e conquistas, isso vai apressar o desgaste do governo".
Segundo tucanos e pefelistas, quem vai ditar o ritmo das reformas -previdenciária, tributária, trabalhista e política- é o presidente. Eles devem analisar caso a caso. "O PFL não deve se aproveitar da fragilidade do governo Lula, que não tem maioria, para obstruir a pauta. O partido deve ajudar a aprovar a reforma da Previdência", disse Aleluia.
"Voto a favor da contribuição dos inativos", disse Barros, tocando num aspecto da reforma previdenciária que o PT sempre se recusou a aprovar.
Ao contrário da oposição, os novos partidos governistas saudaram o discurso de Lula, inclusive o presidente do PDT, Leonel Brizola, que tem feito críticas ao novo governo: "Foi moderado, mas foi preciso. Bem mais do que nós, ele [Lula" assimilou as aspirações do povo brasileiro".
O líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto (SP), declarou-se "comovido com a clareza" da fala de Lula, mas "sobretudo com a empatia com o público".
O ministro da Casa Civil, José Dirceu, disse que o pronunciamento transmitiu "esperança e otimismo". Mas deu o tom dos próximos passos: "A palavra de ordem a partir de agora é trabalhar, trabalhar". (RAYMUNDO COSTA, LUCIO VAZ E OTÁVIO CABRAL)


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