São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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DENTRO DO PLANALTO

Nunca um presidente foi mais feliz

DANUZA LEÃO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

"Não foi o PT que ganhou: foi Lula." O ex-governador Leonel Brizola, autor da observação, talvez tenha razão: nunca um presidente foi mais endeusado e adorado pelo povo no dia da posse como Lula - e nem mais feliz.
O dia foi de glórias, e tudo deu certo. Os convidados acompanharam o discurso no Congresso com direito a palmas, e no final cantaram o Hino Nacional de pé, com fervor. Nessa hora um jornalista lembrou que há uns 12 ou 15 anos os jornais não publicavam notícias sobre a fome, e só alguns menos comprometidos, digamos assim, com o empresariado, tinham a audácia de estampar artigos de Betinho. Pois ontem os empresários aplaudiam em delírio a cada vez que o novo presidente falava em acabar com a fome; como o mundo muda, não?
No Planalto, os amigos mais chegados tiveram um local especial para ficar, separados por uma cordinha. Dentro desse cercadinho, uma geléia total e geral. Benjamin Steinbruch cruzava com Beth Carvalho, de blusa estampada em cores gritantes, Maria da Conceição Tavares tropeçava num Djavan cheio de trancinhas, e quando Lucélia Santos apareceu, alguém (mulher, é claro) fez a maldade. "Mas o tempo não passa para Lucélia?" A do lado aproveitou e botou fogo: "Tem quanto tempo mesmo, Escrava Isaura?"
Algumas mulheres usaram vestidos longos e decotes vertiginosos. Mas Eleonora Mendes Caldeira, que sabe das coisas, estava elegantérrima, de tailleur coral. Reparem a sutileza: o vermelho estava reservado para Marisa Letícia; uma questão de delicadeza. Vera Loyola chegou ostentando o marido e uma bolsinha com a bandeira do Brasil, e a mulher mais bonita da festa da posse era Letícia Sabatella, um verdadeiro luxo de beleza. Quem também arrasou, no seu estilo, foi Esther Grossi, com cabelos combinando com o vestido, tudo verde e amarelo; isso é que é patriotismo.
Aí chegaram as vedetes do dia, e foi um verdadeiro de-lí-rio. Ruth Cardoso de saia cor de ameixa e blazer amarelo caprichou e usou tudo a que tinha direito: colar, brincos, broche e ainda fez uma bela de uma escova. Marisa Letícia de vermelho esvoaçante de Walter Rodrigues, saia no comprimento certo e risonha como pode ser uma mulher feliz. Os ares de Brasília fizeram bem aos cabelos da nova primeira-dama, que estavam mais soltos e menos arrumadinhos. FHC olhava, com um ar de quem quer guardar na memória, as paredes e o teto do Planalto -ele sabe que finais são sempre difíceis. E Lula, que tem duas covinhas no rosto, ontem parecia que tinha quatro; quatro não, oito. Eram sorrisos para cá, beijinhos para lá, abracinhos acolá, num clima daqueles que só costumam acontecer de quatro em quatro anos -para alguns.
Na hora da apresentação dos ministros, os mais aplaudidos foram Cristovam Buarque e Marina Silva, ela chiquérrima, como sempre. Se não fosse senadora e agora ministra, Marina poderia ser top model de sucesso internacional. O discurso de Lula no Parlatório tocou o coração de todas as mulheres; não é qualquer uma que tem um marido que lhe faça declarações de amor em público.
E só para lembrar: não choveu.



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