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HIPPIE CHIQUE
Figurino tem bata, boina e boton
PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O figurino da festa popular
do PT misturava batas indianas, botons, boinas, coturnos, camisetas com a imagem de Che
Guevara e cor, muita cor. Na definição da pedagoga maranhense
Angela Muniz, 50, o cenário tinha
um "aspecto lúdico".
"É preciso aproveitar a energia
desse momento", disse ela, de
frente única de crochê vermelho
com uma estrela estilizada em alto relevo, calça da mesma cor de
renda filé e chapéu de palha.
No gramado, o clima misturava
final de campeonato, entrada de
show sertanejo, carnaval da Sapucaí - a Mangueira foi- e passeata gay. "A festa está a cara do
Brasil, tem do ousado ao desdentado", diz a artista plástica goiana
Walkíria Ornelas, 50, que vestia
uma camisa-bandeira do Brasil.
A vontade de comemorar não
escolhia tema. Tudo o que se dizia
ao microfone era acompanhada
de um "Oh!" geral. Havia uma espécie de descontrole catártico da
emoção. "Quando soube que minha ministra [do Meio Ambiente"
seria uma analfabeta, sindicalista,
chorei o dia inteiro", diz a fiscal
ambiental Cleide Carrera, 55, de
bata indiana lilás cheia de adesivos, botons e unhas verdes.
As interjeições saíam em todos
os sotaques. "Vich!", disse a dona-de-casa Maria Souza, 62, para expressar o que sentia. Ela veio do
Tocantins. "A festa foi ótima, mas
só consegui ver o Lula pelo telão."
O recorde de sotaque e distância
percorrida para a posse coube ao
canadense Régent Gravel, 42, que
pedalou 37 mil quilômetros até o
Peru e "esticou" até Brasília. "Não
sou socialista, sou ciclista. O povo
brasileiro precisará da mesma paciência que eu para percorrer os
quilômetros que vêm por aí."
No lobby do hotel que hospedou parte das delegações de países estrangeiros e ministros de
Lula -como Palocci e Furlan- o
trânsito de personalidades era intenso. "Qual o seu nome?", perguntou uma fotógrafa à mulher
de Furlan, depois de tirar foto do
casal. "Shirley Teresinha", respondeu ela, séria. "Ela está brincando", disse o ministro. "É Ana."
No meio, um homem de bermuda e chapéu Panamá grita para
Genival Vavá da Silva, irmão de
Lula: "Senador da República" e o
abraça. Em seguida, dá a Vavá um
relógio com Lula escrito no mostrador. O homem diz que se chama Valter Samara, é do Paraná e
tem mais de 20 mil cabeças de gado. "Sou fazendeiro, mas nunca
tive medo de reforma agrária."
De um cabeleireiro chamado
para pentear as convidadas: "Não
é o Rodrigo Santoro?", apontando
para um rapaz que come sanduíche. Trata-se de Jean Tible, 23, recém-contratado da secretaria de
relações internacionais do PT. De
terno de grife, cabelos lisos compridos, barba por fazer, brinco argola, ele foi eleito pelo pessoal do
salão de beleza o mais bonito.
O jornalista Paulo Sampaio viajou a Brasília a convite do instituto Takano
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