São Paulo, terça-feira, 02 de janeiro de 2007

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Presidente incorpora texto de auto-ajuda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pode-se criticar o presidente Lula por lapsos gramaticais, uso de lugares-comuns, lógica às vezes tortuosa. Mas não se pode dizer que ele não é um homem de seu tempo: encerrou o discurso no Congresso ontem com trechos de uma historinha de auto-ajuda freqüentadora de correntes de internet.
Trata-se de "A lição da borboleta", de autor desconhecido, mas com 1.760 citações (incluindo coincidências de palavras) no Google. As frases finais, nas quais o presidente enaltece as dificuldades em sua vida, foram incluídas no discurso anteontem, a pedido de Lula.
Durante a campanha eleitoral, era comum Lula receber sugestões de militantes para suas propagandas e discursos. O publicitário João Santana vetava a maioria desses pedidos. Desta vez, Santana, que está em Paris, não soube da inclusão do trecho na fala presidencial.
A tal lição diz que um homem observava uma borboleta se esforçando em sair do casulo. Depois de um tempo, o observador exasperou-se com a incapacidade do bicho em passar pelo orifício da pupa e resolveu dar uma mãozinha, fazendo uma abertura que o libertou.
A borboleta saiu, mas como as asas estavam danificadas ela nunca aprendeu a voar. Assim, o texto acaba com os pedidos a Deus, para que tenhamos dificuldades para aprender a superar obstáculos.
Lula não foi o primeiro político a usar o texto. O governador Mário Covas (PSDB) já o citou em uma entrevista, em 2000, após uma cirurgia contra o câncer, motivo de sua morte.
Para ficar no jargão lulista, "nunca antes neste país" uma corrente de internet havia parado no discurso de posse de um presidente da República.
(IGOR GIELOW)


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