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Presidente incorpora texto de auto-ajuda
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pode-se criticar o presidente Lula por lapsos gramaticais, uso de lugares-comuns, lógica às vezes
tortuosa. Mas não se pode
dizer que ele não é um homem de seu tempo: encerrou o discurso no Congresso ontem com trechos
de uma historinha de auto-ajuda freqüentadora de
correntes de internet.
Trata-se de "A lição da
borboleta", de autor desconhecido, mas com 1.760
citações (incluindo coincidências de palavras) no
Google. As frases finais,
nas quais o presidente
enaltece as dificuldades
em sua vida, foram incluídas no discurso anteontem, a pedido de Lula.
Durante a campanha
eleitoral, era comum Lula
receber sugestões de militantes para suas propagandas e discursos. O publicitário João Santana vetava a maioria desses pedidos. Desta vez, Santana,
que está em Paris, não
soube da inclusão do trecho na fala presidencial.
A tal lição diz que um
homem observava uma
borboleta se esforçando
em sair do casulo. Depois
de um tempo, o observador exasperou-se com a
incapacidade do bicho em
passar pelo orifício da pupa e resolveu dar uma
mãozinha, fazendo uma
abertura que o libertou.
A borboleta saiu, mas
como as asas estavam danificadas ela nunca aprendeu a voar. Assim, o texto
acaba com os pedidos a
Deus, para que tenhamos
dificuldades para aprender a superar obstáculos.
Lula não foi o primeiro
político a usar o texto. O
governador Mário Covas
(PSDB) já o citou em uma
entrevista, em 2000, após
uma cirurgia contra o câncer, motivo de sua morte.
Para ficar no jargão lulista, "nunca antes neste
país" uma corrente de internet havia parado no
discurso de posse de um
presidente da República.
(IGOR GIELOW)
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