São Paulo, terça-feira, 02 de janeiro de 2007

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"Barbaridades" no Rio exigem "mão forte do Estado", diz petista

Para presidente, recente onda de ataques ocorrida no Estado extrapolou "banditismo convencional"

Em discurso no Planalto, Lula afirma que atos são de "terrorismo" e põe culpa em "degradação da estrutura da sociedade brasileira"


VALDO CRUZ
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu discurso no parlatório do Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou de "terrorismo" a onda de violência no Rio de Janeiro e disse que ela será combatida com a "mão forte do Estado", sem especificar como isso seria feito.
Em fala de 21 minutos, dirigida a um público de 10 mil pessoas em frente ao Planalto, Lula disse que "as barbaridades que aconteceram no Rio" não podem ser tratadas como crime comum, mas como "terrorismo", e devem ser combatidas "com a política forte e a mão forte do Estado brasileiro".
Segundo Lula, a onda de violência no Rio "extrapolou o banditismo convencional". Para combatê-la, informou que vai discutir com seu ministro da Justiça uma ação conjunta com os Estados.
O presidente chegou a associar os ataques ocorridos no Rio a um "processo de degradação da estrutura da sociedade brasileira", citando que quando "pai e mãe não se entendem, pai e filho não se entendem, tudo vai ficar mais difícil e não será a polícia que irá resolver".
Segundo o governador do Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ), Lula prometeu "jogar duro" contra as ações de facções criminosas que atuam em São Paulo e no Rio. O governador disse que Lula quer mudança na legislação para punir com mais rigor esse tipo de prática.
Há três anos, o governo tenta, sem sucesso, definir em uma nova lei o crime de terrorismo no Brasil, para o qual seriam previstas penas mais duras.

Pai dos pobres
Em seu discurso no parlatório, ao lado do vice José Alencar e respectivas mulheres, Lula procurou enfatizar sua ligação com a população de baixa renda, destacando a importância desse segmento na reeleição.
"Em momentos muito difíceis, quando alguns imaginavam que o jogo tinha acabado, o povo entrava em campo e dizia claramente: "Nós vamos sustentar a democracia deste país, custe o que custar, doa a quem doer'", disse, sendo aplaudido.
Lula procurou destacar que governará para todos, mas dará mais atenção durante seu segundo mandato aos pobres. "Não se enganem, eu continuarei fazendo o que faz uma mãe, eu cuidarei primeiro daqueles mais necessitados", disse.
Ao ressaltar a importância dos pobres em sua reeleição, o presidente afirmou que em nenhum momento difícil de sua vida "esse povo faltou com a solidariedade", apontando para as cerca de 10 mil pessoas que se postaram em frente ao Planalto apesar do dia chuvoso.
Em outras palavras, dirigindo-se a ministros, parlamentares e convidados oficiais, deu o mesmo recado no Congresso: "Em outubro, nossa população afirmou, de modo inequívoco, que não precisa nem admite tutela de nenhuma espécie para fazer a sua escolha".
Em um tom messiânico, Lula chegou a dizer que estava disposto a se sacrificar para cumprir suas promessas: "Eu e o companheiro José Alencar, se for necessário, daremos a nossa vida para que a gente possa cumprir cada palavra e cada compromisso que assumimos com vocês."


Colaborou CATIA SEABRA, enviada especial a Brasília

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