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"Barbaridades" no Rio exigem "mão forte do Estado", diz petista
Para presidente, recente onda de ataques ocorrida no Estado extrapolou "banditismo convencional"
Em discurso no Planalto, Lula afirma que atos são de "terrorismo" e põe culpa em
"degradação da estrutura da sociedade brasileira"
VALDO CRUZ
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu discurso no parlatório do Palácio do Planalto, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva classificou de "terrorismo" a onda de violência no Rio
de Janeiro e disse que ela será
combatida com a "mão forte do
Estado", sem especificar como
isso seria feito.
Em fala de 21 minutos, dirigida a um público de 10 mil pessoas em frente ao Planalto, Lula disse que "as barbaridades
que aconteceram no Rio" não
podem ser tratadas como crime
comum, mas como "terrorismo", e devem ser combatidas
"com a política forte e a mão
forte do Estado brasileiro".
Segundo Lula, a onda de violência no Rio "extrapolou o
banditismo convencional". Para combatê-la, informou que
vai discutir com seu ministro
da Justiça uma ação conjunta
com os Estados.
O presidente chegou a associar os ataques ocorridos no
Rio a um "processo de degradação da estrutura da sociedade
brasileira", citando que quando
"pai e mãe não se entendem,
pai e filho não se entendem, tudo vai ficar mais difícil e não será a polícia que irá resolver".
Segundo o governador do
Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ), Lula prometeu "jogar duro" contra as ações de facções
criminosas que atuam em São
Paulo e no Rio. O governador
disse que Lula quer mudança
na legislação para punir com
mais rigor esse tipo de prática.
Há três anos, o governo tenta, sem sucesso, definir em uma
nova lei o crime de terrorismo
no Brasil, para o qual seriam
previstas penas mais duras.
Pai dos pobres
Em seu discurso no parlatório, ao lado do vice José Alencar
e respectivas mulheres, Lula
procurou enfatizar sua ligação
com a população de baixa renda, destacando a importância
desse segmento na reeleição.
"Em momentos muito difíceis, quando alguns imaginavam que o jogo tinha acabado, o
povo entrava em campo e dizia
claramente: "Nós vamos sustentar a democracia deste país,
custe o que custar, doa a quem
doer'", disse, sendo aplaudido.
Lula procurou destacar que
governará para todos, mas dará
mais atenção durante seu segundo mandato aos pobres.
"Não se enganem, eu continuarei fazendo o que faz uma mãe,
eu cuidarei primeiro daqueles
mais necessitados", disse.
Ao ressaltar a importância
dos pobres em sua reeleição, o
presidente afirmou que em nenhum momento difícil de sua
vida "esse povo faltou com a solidariedade", apontando para
as cerca de 10 mil pessoas que
se postaram em frente ao Planalto apesar do dia chuvoso.
Em outras palavras, dirigindo-se a ministros, parlamentares e convidados oficiais, deu o
mesmo recado no Congresso:
"Em outubro, nossa população
afirmou, de modo inequívoco,
que não precisa nem admite tutela de nenhuma espécie para
fazer a sua escolha".
Em um tom messiânico, Lula
chegou a dizer que estava disposto a se sacrificar para cumprir suas promessas: "Eu e o
companheiro José Alencar, se
for necessário, daremos a nossa
vida para que a gente possa
cumprir cada palavra e cada
compromisso que assumimos
com vocês."
Colaborou CATIA SEABRA, enviada especial a
Brasília
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