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Torto abriga só 8 pessoas no Réveillon
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Pouco depois das 21h de
domingo, chuva fina lá fora, José Vieira da Silva, 61,
e a mulher, Maria de Araújo Silva, dividiam um cobertor. O casal e mais seis
companheiros da viagem
de 12 horas de ônibus entre Ibiaí (MG) e Brasília
eram os únicos no ginásio,
nos arredores da Granja
do Torto, reservado pelo
PT para abrigar militantes
de outras cidades.
Cansados da viagem,
não esperariam a meia-noite. Nem se animaram a
ir à festa promovida pelos
petistas na Esplanada dos
Ministérios. Clima inverso ao de quatro anos atrás,
quando a capital foi palco
de várias festas de Réveillon lotadas de petistas,
que se estenderam por todo o dia da posse.
"Amanhã será um dia
cheio. E eu tenho trabalho", diz Vieira, que reportaria a cerimônia, pelo celular, para a rádio comunitária de sua cidade. "Me
formei repórter social no
programa "Peixes, pessoas
e água", que é feito em parceria com o Canadá", diz.
Vieira, pescador do rio
São Francisco e fundador
do PT de Ibiaí, fala do que
mudou sob Lula. "Primeiro, a secretaria da Pesca,
que Lula chama de ministério. Depois, fizemos as
pazes com a polícia do
meio ambiente. Antes, era
só perseguição. Agora somos parceiros."
Em colchonetes, os petistas dividiam quentinhas, R$ 2 cada uma, pagas
por eles. "O PT só pagou o
ônibus e deu o ginásio",
conta Vieira. No ginásio,
na noite da virada, só três
ônibus haviam chegado:
de Ibiaí, de Coronel Fabriciano e de Belo Horizonte.
Maria do Araújo interveio. "Quer saber o que
mudou? Foi o Bolsa Família. Crio meus netos e agora recebo R$ 85 por mês. A
pesca caiu muito nestes
tempos, não está dando."
Os filho do casal e a nora
assentem com a cabeça.
Música oitentista e sindicalistas -havia tudo para ser um encontro da esquerda festiva, como antigamente. Mas já passava
das 22h e havia pouca gente sob a tenda grande com
a bandeira do Brasil.
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