UOL

São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Deputados e senadores que nos últimos anos tiveram papel de destaque, como Kandir, Genoino e Benito Gama, deixam o Parlamento

Renovação de 47% tira estrelas do Congresso

RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A renovação média de 47,5 % do Congresso tirou do centro da cena política deputados e senadores que nos últimos anos serviram de referência para as decisões do Legislativo. Do PT ao PFL, todos os partidos perderam. Por outro lado, elegeram-se alguns nomes já testados e outros que podem vir a formar a elite do Congresso.
O PSDB, por exemplo, além do ex-senador José Serra (SP), derrotado na eleição presidencial de 2002, perde o deputado Antônio Kandir (SP), um nome influente em todas as discussões sobre assuntos tributários.
Mas ganha o ex-governador Tasso Jereissati (CE) no Senado e a juíza Denise Frossard (RJ) na Câmara, que deve ter voz ativa em assuntos de segurança e de Justiça. Tasso disputará com Serra o controle do PSDB, associado ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, outro tucano de peso que deixa o Legislativo.
O PT deixa de contar com José Genoino (SP), Nilmário Miranda (MG), Jaques Wagner (BA), Waldir Pires (BA) e Jair Meneguelli (SP), protagonistas centrais das discussões regimentais, trabalhistas e de direitos humanos.
No caso específico da Câmara, o PT perde Paulo Paim (RS) e Aloizio Mercadante (SP), eleitos senadores, e José Dirceu (SP), que foi para o governo. O esvaziamento foi tanto que a legenda não conseguiu achar um nome com a tradição de Dirceu para presidir a Câmara. A aposta petista está em nomes como Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (SP), Paulo Bernardo (PR) e Sigmaringa Seixas (DF).
O PFL é um dos partidos que mais ganham, embora perca nomes importantes como o do senador Bernardo Cabral (AM), ex-relator do Congresso constituinte e da reforma do Poder Judiciário.
A influência política da legenda crescerá principalmente no Senado, com a chegada da ex-governadora Roseana Sarney (MA) e do ex-vice-presidente Marco Maciel (PE) e a volta do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (BA).
Reeleito, o deputado José Carlos Aleluia (BA), considerado um dos principais operadores do PFL, assumirá a função de líder do partido na Câmara. Especialista em energia, Aleluia é fundamental na articulação pefelista com o empresariado.
Politicamente, quem mais perde é o PSDB. Nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, a influência de alguns de seus parlamentares era assentada no poder de nomear, demitir e liberar verbas do Palácio do Planalto.
Sem esses instrumentos, caberá a congressistas como o senador Arthur Virgílio (AM) -que trocou a Câmara pelo Senado- e o deputado reeleito Jutahy Júnior (BA) manter vivo o discurso do projeto tucano de voltar ao poder. Um nome de peso certo desistiu do mandato para presidir o BC: Henrique Meirelles (GO).
O PPB não elegeu nenhum novato de grande expressão, mas renovou os mandatos de Delfim Netto (SP) e Francisco Dornelles (RJ). Peemedebistas históricos ficam foram do Senado, como Iris Rezende (GO), não reeleito, e Roberto Requião (PR), agora governador. Na Câmara, o partido perde Rita Camata (ES), vice na chapa de Serra, e Benito Gama (BA), ex-presidente da Comissão de Finanças e Tributação.
Desgastado pelas acusações de suposto envolvimento em corrupção, o ex-senador Jader Barbalho (PA) volta como deputado. Ao contrário do seu desafeto, ACM, terá de percorrer um longo caminho para retomar a influência que detinha quando presidia o Senado e o PMDB.



Texto Anterior: Congresso tem estrutura de uma cidade
Próximo Texto: Cresce bancada de evangélicos
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.