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SÃO FRANCISCO
Licença ambiental depende dos Estados, que divergem sobre obra
Batalha jurídica vai atrasar transposição, afirma Ibama
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A intenção do governo Luiz Inácio Lula da Silva de começar em
abril as obras da transposição das
águas do rio São Francisco já está
comprometida, segundo avaliação feita no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis).
A concessão da licença prévia ao
empreendimento -primeiro
passo do licenciamento ambiental e que não autoriza o início das
obras- ainda depende de pareceres das secretarias de meio ambiente de cinco dos oito Estados
envolvidos e deve ser objeto de
uma batalha jurídica. Por ora, três
Estados se manifestaram: a Paraíba a favor da obra, a Bahia, com
fortes críticas ao projeto, e Minas
Gerais, de forma preliminar.
O Orçamento da União para
2005 destina R$ 624 milhões para
o início das obras, que deverão
consumir R$ 4,5 bilhões em dois
anos para levar as águas do São
Francisco a quatro Estados: CE,
RN, PE e PB. Lula escolheu essa
obra para marcar seu mandato.
A caminho ontem de Maceió
(AL) para a última audiência pública, o diretor de Licenciamento
e Qualidade Ambiental do Ibama,
Nilvo Silva, insistiu em que não há
prazo para a concessão de licença
prévia. "A ministra Marina Silva
[Meio Ambiente] já disse que esse
é o tipo de coisa sobre a qual não
vamos especular", disse. Após a
conclusão da fase de audiências,
prevista para hoje, é possível que
o Ibama peça mais informações
ao Ministério da Integração Nacional, coordenador do projeto,
antes de analisar relatório de impacto ambiental, adiantou Silva.
Nilvo Silva lamentou as dificuldades para realizar audiências públicas em Belo Horizonte (MG),
Salvador (BA) e Aracaju (SE). "Os
opositores da obra apostaram na
estratégia de inviabilizar as audiências", criticou. Em Aracaju,
cerca de 2.000 manifestantes impediram, com a ajuda de um trio
elétrico e carros de som, a audiência marcada para anteontem.
Para Pedro Brito, coordenador-geral do projeto e chefe de gabinete do ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), a data para o
início das obras não mudou por
enquanto. O relatório de impacto
ambiental encaminhado pela pasta ao Ibama reconhece a redução
da produção de energia elétrica
pelo rio, entre outros impactos
negativos, mas diz eles que serão
compensados pelos positivos.
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