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Sem apoio, projeto pode naufragar
antes mesmo de chegar a votação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O projeto de reajuste salarial de
67% para os deputados federais
pode naufragar antes mesmo de
chegar para votação em plenário.
Pelo menos três fortes sinais foram emitidos ontem na Câmara
indicando que articulação pró-reajuste vem perdendo espaço devido ao desgaste provocado pela
defesa do aumento.
O primeiro se referia às 257 assinaturas necessárias para que o
projeto fosse diretamente para
votação em plenário, eliminando
a tramitação nas comissões.
O responsável por recolher as
assinaturas, o 2º vice-presidente
da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), dizia na semana passada ter
180 signatários ao documento.
Nos últimos dias, porém, afirmou
ter apenas 140, e, no final da tarde
de ontem, acusou de "fraqueza"
um colega que retirou o nome,
deixando a conta em 139.
Um deputado que disse ter visto
a lista, entretanto, afirmou que ela
tinha, no final da tarde de ontem,
apenas 102 nomes, 155 a menos
do que o necessário.
"Estou otimista. Vamos conseguir logo essas assinaturas para
colocar o projeto em votação",
afirmou Nogueira.
Mas partidos que até então se
mantinham neutros, ontem decidiram engordar a aliança contrária ao aumento, um segundo indicativo do enfraquecimento da articulação pró-reajuste.
"Não é hora para se tratar disso.
Eles não estão conseguindo nem
as assinaturas para a [tramitação
em] urgência", afirmou o deputado Rodrigo Maia (RJ), líder da
bancada do PFL.
Até há alguns dias, os pefelistas
afirmavam que liberariam sua
bancada para votar de acordo
com a convicção de cada um. Ontem, decidiram que a liderança
orientará a votação contra a idéia
de Severino.
PT, PSDB, PDT, PPS, PV, PSB e
PC do B já haviam tomado decisão nesse sentido.
O terceiro sinal partiu o 1º secretário da Mesa, Inocêncio Oliveira
(PMDB-PE), aliado de primeira
hora de Severino Cavalcanti (PP-PE) na intenção de elevação dos
salários. "Eu acho que está havendo um movimento muito grande
na instituição para não votar agora", afirmou.
A pressa de líderes partidários
em se declarar contra a proposta
pode ser explicada, em parte, pela
informação de que os endereços
eletrônicos e as caixas de correspondências dos deputados ficaram lotadas de manifestações
contrárias ao reajuste. Só na Ouvidoria da Câmara, já são mais de
mil registros de indignação.
(RANIER BRAGON E FÁBIO ZANINI)
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