São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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Sem apoio, projeto pode naufragar antes mesmo de chegar a votação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O projeto de reajuste salarial de 67% para os deputados federais pode naufragar antes mesmo de chegar para votação em plenário. Pelo menos três fortes sinais foram emitidos ontem na Câmara indicando que articulação pró-reajuste vem perdendo espaço devido ao desgaste provocado pela defesa do aumento.
O primeiro se referia às 257 assinaturas necessárias para que o projeto fosse diretamente para votação em plenário, eliminando a tramitação nas comissões.
O responsável por recolher as assinaturas, o 2º vice-presidente da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), dizia na semana passada ter 180 signatários ao documento. Nos últimos dias, porém, afirmou ter apenas 140, e, no final da tarde de ontem, acusou de "fraqueza" um colega que retirou o nome, deixando a conta em 139.
Um deputado que disse ter visto a lista, entretanto, afirmou que ela tinha, no final da tarde de ontem, apenas 102 nomes, 155 a menos do que o necessário.
"Estou otimista. Vamos conseguir logo essas assinaturas para colocar o projeto em votação", afirmou Nogueira.
Mas partidos que até então se mantinham neutros, ontem decidiram engordar a aliança contrária ao aumento, um segundo indicativo do enfraquecimento da articulação pró-reajuste.
"Não é hora para se tratar disso. Eles não estão conseguindo nem as assinaturas para a [tramitação em] urgência", afirmou o deputado Rodrigo Maia (RJ), líder da bancada do PFL.
Até há alguns dias, os pefelistas afirmavam que liberariam sua bancada para votar de acordo com a convicção de cada um. Ontem, decidiram que a liderança orientará a votação contra a idéia de Severino.
PT, PSDB, PDT, PPS, PV, PSB e PC do B já haviam tomado decisão nesse sentido.
O terceiro sinal partiu o 1º secretário da Mesa, Inocêncio Oliveira (PMDB-PE), aliado de primeira hora de Severino Cavalcanti (PP-PE) na intenção de elevação dos salários. "Eu acho que está havendo um movimento muito grande na instituição para não votar agora", afirmou.
A pressa de líderes partidários em se declarar contra a proposta pode ser explicada, em parte, pela informação de que os endereços eletrônicos e as caixas de correspondências dos deputados ficaram lotadas de manifestações contrárias ao reajuste. Só na Ouvidoria da Câmara, já são mais de mil registros de indignação. (RANIER BRAGON E FÁBIO ZANINI)


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