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SOB PRESSÃO
Presidente da Câmara adia decisão sobre pedido do PSDB; Mercadante diz que ministério muda até segunda
Severino acena a Lula, que acelera reforma
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), adiou
ontem a decisão a respeito do pedido do PSDB de abertura do processo por crime de responsabilidade contra o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Entre seus
apoiadores há quem defenda que
ele espere mais um pouco, como
forma de assegurar a seu partido
um espaço maior na anunciada
reforma ministerial.
Ontem, coincidentemente, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) sugeriu que a reforma será
acelerada: "Eu, Renan [Calheiros], e o Sarney estaremos com o
presidente na próxima segunda-feira, quando ele deve anunciar a
reforma ministerial".
Embora o governo não admita,
a reforma passou a ser um instrumento também para apaziguar ou
atenuar a crise deflagrada pelo
discurso de Lula na última quinta-feira. Além disso, a reforma visa também recompor a base aliada depois do estrago provocado
pela derrota petista na eleição para a presidência da Câmara.
Para o ministro-chefe da Casa
Civil, José Dirceu, o presidente
deve começar a reforma ministerial "nos próximos dias" e concluí-la até a Semana Santa.
"Conversei com o presidente
hoje [ontem] e ele vai realizar a reforma, mas não tem um prazo de
um dia. Acredito que até a Semana Santa nós poderemos ter concluído esse processo", disse Dirceu a jornalistas em Nova York,
onde está até a noite de hoje.
"O melhor despacho que o Severino poderia dar é o seguinte:
aguardo a reforma ministerial",
disse o deputado Ricardo Barros
(PP-PR), que foi líder do governo
Fernando Henrique na Câmara e
é aliado do atual presidente.
Severino, ontem, sinalizou pela
primeira vez que poderá rejeitar o
pedido dos tucanos. Ele curiosamente utilizou o próprio FHC para indicar sua posição. "Vou olhar
aquele processo de impeachment
do Fernando Henrique. Não estou na presidência da Câmara para prejudicar", declarou.
Severino aguarda apenas o parecer técnico da assessoria jurídica da Casa para tomar sua decisão. Duas são as hipóteses: rejeição ou constituição de uma comissão especial que dará prosseguimento ao processo.
Já no Senado, o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) deu
ontem sua primeira ajuda concreta ao governo desde que assumiu
o posto, no mês passado.
Ele não colocou em votação o
requerimento de convocação do
ministro José Dirceu para explicar
as declaração do presidente. O pedido estava na pauta e ainda pode
ser votado nesta semana.
O presidente do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal, saiu
ontem em defesa do presidente
Lula ao dizer que "está havendo o
interesse de pessoas em botar farofa nessa história".
"Fritura"
Numa reação à pressão petista
para tirá-lo da Articulação Política, o ministro Aldo Rebelo telefonou ontem para o presidente do
PT, José Genoino, e cobrou posição oficial da sigla. "Não serei empecilho para a troca, mas que o PT
diga que deseja meu cargo", disse
Aldo, segundo interlocutores.
No Uruguai, onde compareceu
à posse do colega eleito, Tabaré
Vásquez, o presidente Lula ficou
contrariado com a briga pública.
A Folha apurou que Lula entendeu a reação de Aldo, mas não
gostou de ser pressionado por nenhum dos dois lados na hora em
que estuda uma reforma ministerial. O ministro resolveu reagir às
versões de que já aceitava trocar
de pasta. Desde meados de 2004 o
PT tenta derrubá-lo Aldo.
Na comitiva de Lula no Uruguai, Genoino confirmou a cobrança. Segundo o petista, ele disse ao ministro que "o PT não tem
deliberação sobre o tema, nem é o
caso, pois é tema do presidente".
Colaboraram KENNEDY ALENCAR, da
Sucursal de Brasília, SILVANA ARANTES, enviada a Montevidéu, e LUCIANA
COELHO, de Nova York
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