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Era "comum" empreiteiro oferecer propina na gestão FHC, diz senador
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Aumentando a crise política
causada por uma declaração do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Maguito Vilela
(PMDB-GO), da base aliada, denunciou ontem na tribuna do Senado que era "comum" empreiteiros oferecerem propina, no governo passado, para que senadores retirassem assinaturas de requerimentos de CPIs.
Segundo ele, isso teria ocorrido
para abafar as CPIs das privatizações, do tráfico de influência, do
TRT-SP e a do Proer. As três últimas tinham o objetivo de investigar acusações contra o ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge, o desvio de
verbas das obras do TRT e o socorro financeiro dado aos bancos.
O senador ainda citou a suposta
compra de votos para a reeleição
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1997.
O senador José Jorge (PFL-PE)
pediu que ele citasse nomes. "Não
sou obrigado a saber nome de
empreiteiro que fica no cafezinho
tentando comprar senador e deputado", disse ele, ressaltando
que é capaz de reconhecer entre
"os grandes empreiteiros" o que
lhe ofereceu dinheiro.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), pediu que a
Comissão de Ética do Senado faça
uma acareação entre Maguito e os
empreiteiros. "O Senado virou
agora casa de Lula, que as pessoas
falam as coisas sem medir as conseqüências", disse Virgílio.
"Só se procura comprar quem é
capaz de se vender", disse o senador Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA). Para José Jorge, a denúncia deveria ter sido feita quando ocorreu o fato.
O discurso de Maguito foi uma
tentativa de intimidar a oposição,
que tem acusado o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva de prevaricação por ter escondido um suposto caso de corrupção no governo passado. O presidente disse
em discurso na última quinta-feira que orientou "um alto companheiro" a silenciar.
O PSDB está recolhendo assinaturas no Senado para instalar
duas CPIs. Uma para investigar a
suposta cobrança de propina pelo
ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz -problema da gestão
petista. A outra para apurar se
houve irregularidades nas privatizações do governo FHC.
Cada requerimento teria 15 assinaturas e são necessárias 27. A
CPI do Waldomiro, cujo pedido
de criação é do ano passado, tinha
26 assinaturas, mas o PSDB fez
um novo requerimento temendo
que o antigo fosse derrubado pela
Mesa Diretora.
O líder tucano fez um apelo para
que os 81 senadores assinem os
requerimentos para que tudo seja
investigado. "Sendo governo, não
temos nenhum interesse de criar
CPIs, porque você nunca sabe como vai terminar. CPI é coisa para
oposição, não para nós", disse o
líder do PMDB, senador Ney
Suassuna (PB).
O senador Gerson Camata
(PMDB-ES), que estava presente
na solenidade quando o presidente da República fez o discurso, disse que "aquela palavrinha escapou", referindo-se ao termo "corrupção" usado por Lula. Segundo
o peemedebista, o episódio foi
"um deslize verbal, e não moral".
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