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Renovação do Senado ameaça plano de ACM
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
A renovação de um terço do Senado na eleição de outubro pode
colocar em risco o plano do presidente da Casa, Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), de permanecer no cargo.
Dos 27 senadores cujo mandato
está terminando, 24 pertencem à
aliança governista no Senado.
O Senado é composto por 81 senadores -três para cada unidade
da Federação- com mandatos de
oito anos. Como as eleições ocorrem a cada quatro anos, a renovação se dá por etapas. Neste ano,
será renovada só um terço da Casa. Em 2002, outros dois terços.
Entre os 27 senadores que estão
saindo, só 14 já declararam estar
dispostos a concorrer a um novo
mandato (veja quadro ao lado). Os
demais disputarão outras vagas ou
simplesmente deixarão a política.
O problema para ACM é que sua
reeleição para a presidência do Senado -no início do ano que
vem- só será possível se o seu
partido, o PFL, voltar em 99 com a
maior bancada da Casa.
Embora a eleição para presidente do Senado seja com o voto secreto dos 81 senadores, é tradição
que o partido de maior bancada
tenha o privilégio de praticamente
indicar o seu nome preferido.
Hoje, o PFL mantém uma liderança com 24 senadores, seguido
de perto pelo PMDB, que tem 21.
Essa superioridade do PFL foi
conseguida no período que precedeu a eleição de ACM para a presidência da Casa, no início de 97.
Na época, ACM fez o que foi
possível para aliciar senadores de
outros partidos. Um dos casos
mais notórios foi o do senador Gilberto Miranda (AM), que saiu do
PMDB para entrar no PFL e apoiar
a eleição do amigo ACM.
PFL não vê ameaça
É claro que o PFL não enxerga
problemas na renovação de um
terço do Senado. "Temos condições de eleger senadores em quase
todos os Estados", afirma o líder
do partido na Câmara, Inocêncio
Oliveira (PE), um dos mais experientes caciques do partido.
Há casos em que o PFL considera certa a conquista de uma vaga.
Por exemplo, em Santa Catarina.
O atual ocupante, Esperidião
Amin, do PPB, não disputará a
reeleição, pois será candidato ao
governo do Estado.
Amin está em processo de reconciliação com o PFL catarinense. E a vaga de candidato ao Senado deve ser preenchida pelo presidente pefelista, Jorge Bornhausen.
A permanência de ACM na presidência do Senado é considerada
vital para o projeto de poder que o
PFL desenhou para si até o ano
2002.
Na visão pefelista, o próximo governo será marcado por uma transição no quadro político partidário do país. Haverá fusões e algumas siglas devem desaparecer.
PFL e PPB trabalham com a possibilidade de formar um grande
partido de centro-direita, numa
reedição da Arena (Aliança Renovadora Nacional), a agremiação
que deu sustentação ao governo
militar (64-85).
Se os pefelistas conseguirem
manter a maioria no Senado e na
Câmara, pretendem tentar conquistar as presidências das duas
Casas. Seria um fato raro.
Na história recente, só o PMDB
conseguiu eleger os presidentes da
Câmara e do Senado. Mas foi muito ajudado pela euforia do Plano
Cruzado -que em 86 reduziu artificialmente a inflação e permitiu
aos peemedebistas eleger quase
todos os governadores do país.
Ainda no quadro de renovação
do Senado, há também uma parcela considerável -cerca de 20
parlamentares- que pode deixar
a Casa, mesmo tendo mais quatro
anos de mandato pela frente.
São os candidatos a governador
ou vice-governador em seus Estados. Por exemplo, o líder do
PMDB, Jader Barbalho (PA), deve
ser o candidato do partido ao governo paraense. Se vencer, assume
o seu suplente. Se perder, volta para a vaga que tem em Brasília.
É raro o caso em que os suplentes não são fiéis ao partido como
os titulares da vaga.
Mas sempre pode haver dissidências, e isso também prejudicaria o plano de ACM se reeleger
presidente da Casa.
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