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Projeto não fixa um prazo para reduzir a CPMF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O projeto de reforma tributária de Luiz Inácio Lula da Silva
não fixa nenhum cronograma
para a redução da CPMF (Contribuição Provisória sobre a
Movimentação Financeira, o
imposto do cheque). Nas negociações com governadores e,
especialmente, empresários, o
governo se comprometeu a
promover a queda gradual da
alíquota da contribuição.
Hoje, com alíquota de 0,38%,
a CPMF arrecada R$ 20 bilhões
anuais. Pela legislação atual, a
taxação cairá a 0,08% em 2004,
último ano de vigência do tributo. A equipe econômica de
Lula afirma que não pode arcar
com essa perda, estimada em
R$ 16 bilhões.
Segundo o texto obtido pela
Folha, a Constituição se limitará a fixar um teto (0,38%) e um
piso (0,08%) para a contribuição, que se tornará permanente. Na exposição de motivos a
ser encaminhada ao Planalto, o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) diz que a redução da
alíquota será "condicionada à
instituição de fontes substitutivas de arrecadação".
Na semana passada, Palocci
já havia assumido abertamente, pela primeira vez, que o governo pretendia propor a prorrogação da CPMF com a atual
alíquota de 0,38%.
"Não podemos, infelizmente,
propor uma redução de curto
prazo [da alíquota]", disse o
ministro da Fazenda.
Em resumo: o governo federal quer ter a liberdade de aplicar a atual alíquota da CPMF
pelo tempo que considerar necessário, a menos que o Congresso defina uma fonte alternativa de arrecadação.
O projeto prevê apenas uma
lei adicional para detalhar a
destinação da receita. O texto
se limita a estabelecer que o dinheiro arrecadado seja "destinado a programas sociais e à
seguridade social".
Essa proposta enfrentará resistências, certamente, de empresários, deputados e senadores. Para prorrogar a CPMF no
ano passado, por exemplo, o
governo Fernando Henrique
Cardoso foi obrigado a incluir
na Constituição um cronograma de redução de alíquotas e
um detalhamento do destino
dos recursos.
A CPMF é considerada pelo
próprio governo um tributo
ruim, por afetar todas as etapas
do processo produtivo e ser regressivo (taxa igualmente ricos
e pobres).
Mesmo contrariando a filosofia da reforma, a contribuição foi mantida como uma espécie de mal necessário.
Outras propostas
As outras principais propostas buscam, ao menos em tese,
estimular a geração de empregos formais e reduzir a cumulatividade dos impostos.
Pretende-se substituir, total
ou parcialmente, a contribuição previdenciária patronal sobre a folha de pagamentos por
um tributo sobre o valor agregado (faturamento menos custos de produção); fazer a cobrança da Cofins sobre o valor
agregado, em vez de sobre o faturamento; tornar progressivo
o imposto sobre a herança.
(GUSTAVO PATÚ e KENNEDY ALENCAR)
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