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Invasões deste ano quadruplicam em relação ao 1º trimestre de 2002
DA AGÊNCIA FOLHA
O número de invasões de propriedades mais do que quadruplicou no primeiro trimestre deste
ano em relação ao mesmo período de 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso.
De 1º janeiro a 31 de março, a
Ouvidoria Agrária Nacional contabilizou 41 invasões. No primeiro
trimestre do ano passado, foram
apenas dez.
Em relação ao primeiro trimestre de 2001, porém, o número de
invasões caiu. De janeiro a março
daquele ano, foram 49 ações. Naquele período já vigorava a medida provisória que proíbe vistorias
em terras invadidas e exclui os invasores da reforma agrária.
Antes de a MP entrar em vigor,
o número de invasões nos primeiros trimestres já superava o verificado neste ano. Por exemplo, em
1996 (dado mais antigo fornecido
pelo Incra), foram 62 invasões nos
primeiros três meses. De 1997 a
2000, os totais de invasões nos primeiros trimestres foram, na ordem: 199, 148, 111 e 57.
Pernambuco, palco de 12 invasões de fazendas promovidas pelo
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) desde a
quinta-feira passada, concentra o
maior número de ações no país.
Em nota, o MST afirma que as
invasões são uma forma de "cobrar maior rapidez no processo
de desapropriação dos latifúndios
improdutivos".
Um dos líderes nacionais do
MST, João Paulo Rodrigues disse
que o crescimento do número de
invasões é "normal, pela expectativa gerada pelo PT durante o processo eleitoral".
Ele declarou ainda que o número de ações no primeiro trimestre
deste ano superou o do segundo
semestre do ano passado porque
"não havia mais esperanças dos
sem-terra no projeto de reforma
agrária de Fernando Henrique".
Segundo o engenheiro agrônomo Horácio Martins de Carvalho,
ex-presidente da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária), falta uma ação clara do governo federal. "Você não vê do
governo nenhum gesto simbólico
de que vai começar o processo de
assentamento. Isso criou a frustração de uma esperança que estava potencializada."
Além de terras, sem-terra também tomaram como alvo de invasões neste ano agências de bancos
públicos, prédios do Incra (em
Mato Grosso, Goiás, Pernambuco
e Pará), promoveram bloqueios
de rodovias (com destaque para
uma em AL, em que um secretário de Estado foi feito refém) e até
o fechamento de uma praça de
pedágio no PR.
(EO e ES)
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