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Advogados discordam
sobre atuação de Santoro
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
É motivo de discordância entre
advogados a legalidade ou não do
ato do subprocurador-geral da
República José Roberto Santoro.
Às vésperas de o caso Waldomiro
vir à tona, na Procuradoria Geral
da República, de madrugada, ele
tentou obter do empresário de jogos Carlos Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, uma cópia do vídeo
que deflagrou o escândalo.
O horário em que houve a conversa é considerado "impróprio"
pelos advogados, mas eles não
vêem nada de ilegal nisso.
Para Miguel Reale Jr., ministro
da Justiça no governo FHC, houve
ilegalidade porque a investigação
de crimes cabe à polícia, não a
procuradores. "É viciada a prova
obtida pelo Ministério Público,
que não vai em busca da verdade,
mas em busca de elementos que
sustentem a sua acusação." A
competência para abrir investigação criminal está para ser votada
no Supremo Tribunal Federal.
De acordo com Carlos Ari
Sundfeld, ex-membro da Procuradoria Geral de São Paulo, não é
ilegal negociar a obtenção de uma
prova. "O subprocurador não
ofereceu nenhuma vantagem ilícita em troca", justifica.
O presidente da seccional da
OAB no Rio, Octavio Gomes, condenou Santoro por dizer que
aquele depoimento serviria para
"derrubar o governo". "O Ministério Público não pode se submeter a conveniências políticas".
Para Marcelo Cerqueira, ex-presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros, o ato foi ilegal
porque os poderes de um subprocurador são para agir em matérias
do Superior Tribunal de Justiça,
como ouvir governador e ministro. Segundo ele, a única forma de
esclarecer o episódio é criar a CPI
do caso Waldomiro.
Ontem, a ANPR (Associação
Nacional dos Procuradores da
República) defendeu os procuradores que participaram da conversa com Cachoeira. Em nota, o
presidente da entidade, Nicolao
Dino, afirma que "o Ministério
Público possui independência
funcional, distanciando-se de interesses político-partidários".
Colaborou a Sucursal de Brasília
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