|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO TRT
Empresa que fez obra em SP de R$ 230 milhões hoje mantém funcionários apenas para receber oficiais de Justiça
Construtora de fórum está abandonada
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Incal, empresa responsável
pela obra do Fórum Trabalhista
de São Paulo que custou mais de
R$ 230 milhões aos cofres públicos, hoje está praticamente abandonada. A empresa, sediada no
centro de São Paulo, não possui
mais nenhuma atividade.
No escritório da Incal há agora
apenas três funcionários. São dois
vigias, um office boy e uma faxineira para limpeza. Com apenas
uma linha de telefone disponível,
eles estão lá para receber intimações de oficiais de Justiça e ex-funcionários.
Os três funcionários disseram
que não recebem salário integral
há mais de dois meses, desde que
foi decretada a prisão dos sócios
da empresa, Fábio Monteiro de
Barros e José Eduardo Teixeira
Ferraz. Segundo eles, um funcionário do departamento pessoal
aparecia para pagá-los. Há 15 dias
que não aparece ninguém.
Cerca de 80 pessoas trabalhavam no local. Eram engenheiros,
arquitetos, funcionários do departamento financeiro e administrativo.
A Incal Incorporações S.A. e a
Construtora Ikal LTDA., que fazem parte do grupo Monteiro de
Barros, foram responsáveis por
construções em diversos Estados
brasileiros. A empresa chegou a
ter mais de 520 operários em
obras só em São Paulo.
Dos escritórios da Incal, há hoje
apenas cinco salas no edifício
Martex, na rua Sete de Abril, 342,
que servem para guardar os móveis da empresa. Há ainda no andar outras quatro salas vazias que
dividem espaço com um consultório de dentista.
A construtora chegou a ocupar
20 salas, distribuídas em quatro
conjuntos do prédio. Funcionava
no terceiro e no nono andar. Ao
todo, a Incal ocupava mais de 800
metros quadrados de área.
Desde 98, quando as obras do
TRT (Tribunal Regional do Trabalho) foram suspensas, a empresa começou a perder funcionários. Com a suspeita de irregularidades na construção do fórum, a
Justiça tornou indisponíveis os
bens da Incal, deixando a situação
ainda mais complicada.
Alguns levaram os computadores da empresa como forma de
pagamento dos salários atrasados. Ao todo, a empresa já tem
cerca de 675 ações trabalhistas na
Justiça desde 94.
Há alguns meses, por atraso no
aluguel, que é de cerca de R$
4.500, o nono andar foi desocupado e todos os móveis levados para
o andar de baixo.
Além de cortinas e de um carpete cinza, no local há apenas uma
placa, na parede do hall de acesso
aos elevadores e que une dois dos
conjuntos. Pode-se ler: "Grupo
Monteiro de Barros".
Nas salas de mais de 30 metros
quadrados não há mais nada. No
fundo de um comprido corredor
escuro, há três portas que são as
únicas que ainda estão trancadas
-da sala da direção da empresa.
Os funcionários do prédio onde
fica a empresa disseram que José
Eduardo Teixeira Ferraz foi o último a ser visto por lá, antes de ter
sua prisão preventiva decretada.
Afirmaram também que o senador Luiz Estevão (PMDB-DF) ia
com frequência ao escritório da
Incal.
Texto Anterior: Sonho de senador era ser físico Próximo Texto: Empresa de suplente é investigada Índice
|