São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO TRT
Empresa que fez obra em SP de R$ 230 milhões hoje mantém funcionários apenas para receber oficiais de Justiça
Construtora de fórum está abandonada

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Incal, empresa responsável pela obra do Fórum Trabalhista de São Paulo que custou mais de R$ 230 milhões aos cofres públicos, hoje está praticamente abandonada. A empresa, sediada no centro de São Paulo, não possui mais nenhuma atividade.
No escritório da Incal há agora apenas três funcionários. São dois vigias, um office boy e uma faxineira para limpeza. Com apenas uma linha de telefone disponível, eles estão lá para receber intimações de oficiais de Justiça e ex-funcionários.
Os três funcionários disseram que não recebem salário integral há mais de dois meses, desde que foi decretada a prisão dos sócios da empresa, Fábio Monteiro de Barros e José Eduardo Teixeira Ferraz. Segundo eles, um funcionário do departamento pessoal aparecia para pagá-los. Há 15 dias que não aparece ninguém.
Cerca de 80 pessoas trabalhavam no local. Eram engenheiros, arquitetos, funcionários do departamento financeiro e administrativo.
A Incal Incorporações S.A. e a Construtora Ikal LTDA., que fazem parte do grupo Monteiro de Barros, foram responsáveis por construções em diversos Estados brasileiros. A empresa chegou a ter mais de 520 operários em obras só em São Paulo.
Dos escritórios da Incal, há hoje apenas cinco salas no edifício Martex, na rua Sete de Abril, 342, que servem para guardar os móveis da empresa. Há ainda no andar outras quatro salas vazias que dividem espaço com um consultório de dentista.
A construtora chegou a ocupar 20 salas, distribuídas em quatro conjuntos do prédio. Funcionava no terceiro e no nono andar. Ao todo, a Incal ocupava mais de 800 metros quadrados de área.
Desde 98, quando as obras do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) foram suspensas, a empresa começou a perder funcionários. Com a suspeita de irregularidades na construção do fórum, a Justiça tornou indisponíveis os bens da Incal, deixando a situação ainda mais complicada.
Alguns levaram os computadores da empresa como forma de pagamento dos salários atrasados. Ao todo, a empresa já tem cerca de 675 ações trabalhistas na Justiça desde 94.
Há alguns meses, por atraso no aluguel, que é de cerca de R$ 4.500, o nono andar foi desocupado e todos os móveis levados para o andar de baixo.
Além de cortinas e de um carpete cinza, no local há apenas uma placa, na parede do hall de acesso aos elevadores e que une dois dos conjuntos. Pode-se ler: "Grupo Monteiro de Barros".
Nas salas de mais de 30 metros quadrados não há mais nada. No fundo de um comprido corredor escuro, há três portas que são as únicas que ainda estão trancadas -da sala da direção da empresa.
Os funcionários do prédio onde fica a empresa disseram que José Eduardo Teixeira Ferraz foi o último a ser visto por lá, antes de ter sua prisão preventiva decretada.
Afirmaram também que o senador Luiz Estevão (PMDB-DF) ia com frequência ao escritório da Incal.


Texto Anterior: Sonho de senador era ser físico
Próximo Texto: Empresa de suplente é investigada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.