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CONFLITO NO CAMPO
Sem-terra voltam a invadir sede do Incra em Salvador
CUT invade dez fazendas em MS
CELSO BEJARANO JR.
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O Departamento Estadual dos
Trabalhadores Rurais da Central
Única dos Trabalhadores em Mato Grosso do Sul, que reúne 22
sindicatos de trabalhadores rurais, liderou ontem de madrugada
a invasão de dez fazendas em nove cidades do Estado. A ação mobilizou cerca de mil famílias.
Segundo a coordenação regional da CUT, o órgão planeja outras dez invasões para os próximos dias. No final da tarde, cerca
de 145 famílias de sem-terra se
preparavam para ocupar a 11ª
propriedade, em Pedro Gomes
(328 km de Campo Grande).
O vice-presidente da CUT, Paulo César Faria, informou que os
sem-terra estão orientados a resistir a ações de reintegração de
posse e a reações de fazendeiros.
"'Vamos até o fim. O governo federal precisa rever os baixos valores que destina à reforma agrária", disse. Segundo ele, os R$ 38
milhões reservados para Mato
Grosso do Sul são insuficientes
para assentar as cerca de 13 mil famílias de sem-terra.
"A metade vai para os donos de
fazendas desapropriadas. O resto
daria para assentar no máximo
2.000 famílias. Precisamos de R$
120 milhões", afirmou.
As dez invasões de ontem ocorreram entre 2h e 4h. Não houve
conflitos. O único incidente aconteceu em Amambaí, onde as famílias derrubaram a ponte de acesso
à sede da fazenda Laguna Peru.
Segundo a CUT, a ponte foi derrubada para dificultar o acesso de
"jagunços" à propriedade.
De acordo com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Estado, 8 das
10 fazendas invadidas já foram
vistoriadas e consideradas improdutivas. Celso Cestari, superintendente do órgão, disse que isso
não justifica as invasões. "Se o Incra já vistoriou, é uma questão de
tempo, logo a situação seria regularizada e os lotes distribuídos",
disse Cestari. "Queremos acelerar
o processo", afirmou Faria.
O representante regional do
Movimento Nacional dos Produtores, organização que responde
pelos fazendeiros, Renato Merem,
pediu providências do governador José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT. Merem acha que a CUT
"deu um tiro no próprio ouvido".
"Fazenda invadida não será vistoriada. É uma ordem que vem do
governo federal."
Bahia
Cerca de 1.100 integrantes do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram ontem de manhã o pátio do
prédio do Incra em Salvador.
Com isso, a direção estadual do
MST quer forçar o ministro Raul
Jungmann (Desenvolvimento
Agrário) a nomear o novo superintendente do órgão, cargo que
está vago no Estado desde dezembro do ano passado. É a segunda
vez que o MST invade a sede do
Incra neste ano. Há dois meses,
500 sem-terra ficaram no prédio
durante duas semanas, também
reivindicando a nomeação do novo superintendente. Na época,
Jungmann disse que só aceitava
negociar depois da desocupação.
"O ministro Jungmann não
cumpriu com a sua palavra. Então, vamos partir para o confronto", disse Valmir Assunção, coordenador do MST na Bahia.
Colaboraram Eduardo de Oliveira e a
Agência Folha, em Salvador
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