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EXPO 2000
Paulo Henrique Cardoso critica noticiário em torno dos gastos de R$ 18,8 milhões com o estande brasileiro
Polêmica foi "crime contra o Brasil", diz filho do presidente
DO ENVIADO A HANNOVER
No dia que deveria ser de festa,
o da inauguração do pavilhão
brasileiro na Expo 2000 de Hannover, com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso, seu filho Paulo Henrique desabou todo seu descontentamento
com a mídia brasileira:
"As redações cometeram um
crime contra o Brasil", disparou.
Motivo: o noticiário sobre o pavilhão girou muito mais em torno
dos gastos (R$ 18,8 milhões) e de
supostas irregularidades e muito
menos em torno do conteúdo da
presença brasileira.
Para Paulo Henrique, o dano é
irreversível, pois toda a propaganda do pavilhão teria que ser
feita justamente nas vésperas e no
dia da inauguração.
O filho de FHC é membro do
Conselho de Empresários Brasileiros para o Desenvolvimento
Sustentável e, nessa condição, foi
designado como um dos comissários do país para a Expo 2000, já
que o tema da mostra tem tudo a
ver com desenvolvimento sustentável.
Esforços
O presidente, por sua vez, voltou a defender o que chamou de
"esforços" para a presença brasileira na Europa. "O Brasil não pode se fazer de avestruz e enfiar a
cabeça na areia", disse FHC em
entrevista coletiva no auditório
do pavilhão da polêmica.
Se não deve ser avestruz, o Brasil tampouco deve ser "pavão",
acha o presidente. Ou, traduzindo, fez questão de mostrar-se em
Hannover "sem exibicionismo,
sem esconder seus problemas,
mas também sem deixar de ter orgulho pelo que é".
FHC não quis discutir os custos
do pavilhão. "Não sei quanto custou, se muito ou se pouco", disse.
Mas, em seguida, comentou que
visitara outro pavilhão, o do "Século 21", que mostra como devem
ser no futuro as cidades de Aachen (Alemanha), São Paulo, Dacar (Senegal) e Xangai (China).
Disse que perguntara o custo e a
resposta foi US$ 150 milhões (15
vezes mais, portanto, que o custo
do brasileiro, quando convertido
em dólares).
FHC chegou à Expo 2000 com
15 minutos de atraso em relação
ao horário previsto para a inauguração (8h35, ou 3h35 em Brasília),
quando o terceiro dos oradores já
estava no meio de sua fala.
Em seguida, participou do corte
da fita inaugural, ao lado de autoridades alemães, encabeçadas pelo chanceler (primeiro-ministro)
Gerhard Schroeder, que não desgrudava de sua mulher Doris (a
quarta), jovem e loura.
Autoridades, convidados e público se atropelaram daí em diante no percurso entre alguns pavilhões, a ponto de FHC ter sido
empurrado e quase cair.
Mas também divertiu-se com a
música típica que tocava no pavilhão da África, chegando a ensaiar
alguns passos tímidos de dança.
No pavilhão brasileiro, FHC ciceroneou Schroeder e Doris, ao
lado de Ruth Cardoso, do filho
Paulo Henrique e de Bia Lessa, a
autora do projeto do pavilhão.
FHC dava explicações em inglês,
que pareciam interessar muito
mais a Doris que a Schroeder, que
chegava a pegar no braço de FHC
para acelerar o passo.
Vizinhos
Terminada a excursão com o
premiê alemão pelo pavilhão brasileiro, FHC deu entrevista coletiva, almoçou, sempre no pavilhão,
e resolveu depois visitar o estande
da Argentina, em frente ao brasileiro, e enfeitado protocolarmente com a bandeira do Brasil, além
da argentina -ao contrário do
pavilhão brasileiro, que nem tem
bandeira nem tem inscrição alguma indicando a que país pertence.
Só no chão, uma faixa diz:
www.brazil.com, endereço eletrônico da participação brasileira em
Hannover.
O presidente e a comitiva ouviram o mitológico tango "La Cumparsita", e Ruth lamentou não ter
sido convidada para dançar, pois
se diz exímia bailarina.
Na saída, o presidente ainda
passeou pelo estande da Câmara
de Comércio Brasil-Alemanha,
concebido por Hans Donner, o
cenógrafo da Rede Globo, que fez
questão de posar para fotos com
FHC, que, por sua vez, abraçava a
"Mulata Globeleza", Valéria Valenssa, mulher de Donner.
(CLÓVIS ROSSI)
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