São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2000


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EXPO 2000
Paulo Henrique Cardoso critica noticiário em torno dos gastos de R$ 18,8 milhões com o estande brasileiro
Polêmica foi "crime contra o Brasil", diz filho do presidente

DO ENVIADO A HANNOVER

No dia que deveria ser de festa, o da inauguração do pavilhão brasileiro na Expo 2000 de Hannover, com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso, seu filho Paulo Henrique desabou todo seu descontentamento com a mídia brasileira:
"As redações cometeram um crime contra o Brasil", disparou.
Motivo: o noticiário sobre o pavilhão girou muito mais em torno dos gastos (R$ 18,8 milhões) e de supostas irregularidades e muito menos em torno do conteúdo da presença brasileira.
Para Paulo Henrique, o dano é irreversível, pois toda a propaganda do pavilhão teria que ser feita justamente nas vésperas e no dia da inauguração.
O filho de FHC é membro do Conselho de Empresários Brasileiros para o Desenvolvimento Sustentável e, nessa condição, foi designado como um dos comissários do país para a Expo 2000, já que o tema da mostra tem tudo a ver com desenvolvimento sustentável.

Esforços
O presidente, por sua vez, voltou a defender o que chamou de "esforços" para a presença brasileira na Europa. "O Brasil não pode se fazer de avestruz e enfiar a cabeça na areia", disse FHC em entrevista coletiva no auditório do pavilhão da polêmica.
Se não deve ser avestruz, o Brasil tampouco deve ser "pavão", acha o presidente. Ou, traduzindo, fez questão de mostrar-se em Hannover "sem exibicionismo, sem esconder seus problemas, mas também sem deixar de ter orgulho pelo que é".
FHC não quis discutir os custos do pavilhão. "Não sei quanto custou, se muito ou se pouco", disse.
Mas, em seguida, comentou que visitara outro pavilhão, o do "Século 21", que mostra como devem ser no futuro as cidades de Aachen (Alemanha), São Paulo, Dacar (Senegal) e Xangai (China). Disse que perguntara o custo e a resposta foi US$ 150 milhões (15 vezes mais, portanto, que o custo do brasileiro, quando convertido em dólares).
FHC chegou à Expo 2000 com 15 minutos de atraso em relação ao horário previsto para a inauguração (8h35, ou 3h35 em Brasília), quando o terceiro dos oradores já estava no meio de sua fala.
Em seguida, participou do corte da fita inaugural, ao lado de autoridades alemães, encabeçadas pelo chanceler (primeiro-ministro) Gerhard Schroeder, que não desgrudava de sua mulher Doris (a quarta), jovem e loura.
Autoridades, convidados e público se atropelaram daí em diante no percurso entre alguns pavilhões, a ponto de FHC ter sido empurrado e quase cair.
Mas também divertiu-se com a música típica que tocava no pavilhão da África, chegando a ensaiar alguns passos tímidos de dança.
No pavilhão brasileiro, FHC ciceroneou Schroeder e Doris, ao lado de Ruth Cardoso, do filho Paulo Henrique e de Bia Lessa, a autora do projeto do pavilhão. FHC dava explicações em inglês, que pareciam interessar muito mais a Doris que a Schroeder, que chegava a pegar no braço de FHC para acelerar o passo.

Vizinhos
Terminada a excursão com o premiê alemão pelo pavilhão brasileiro, FHC deu entrevista coletiva, almoçou, sempre no pavilhão, e resolveu depois visitar o estande da Argentina, em frente ao brasileiro, e enfeitado protocolarmente com a bandeira do Brasil, além da argentina -ao contrário do pavilhão brasileiro, que nem tem bandeira nem tem inscrição alguma indicando a que país pertence.
Só no chão, uma faixa diz: www.brazil.com, endereço eletrônico da participação brasileira em Hannover.
O presidente e a comitiva ouviram o mitológico tango "La Cumparsita", e Ruth lamentou não ter sido convidada para dançar, pois se diz exímia bailarina.
Na saída, o presidente ainda passeou pelo estande da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, concebido por Hans Donner, o cenógrafo da Rede Globo, que fez questão de posar para fotos com FHC, que, por sua vez, abraçava a "Mulata Globeleza", Valéria Valenssa, mulher de Donner.
(CLÓVIS ROSSI)


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