São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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PERFIL

Empresário preso foi grampeado no caso Anaconda

DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Law Kin Chong é um dos principais alvos da CPI da Pirataria do Congresso Nacional. "Trata-se de uma quadrilha organizadíssima, liderada pelo sr. Law Kin Chong, com raízes profundamente fincadas no centro velho da cidade de São Paulo, irradiando-se para outros locais do país, e que necessita ser urgentemente debelada", diz o relatório sobre Chong ao qual a Folha teve acesso, que deverá servir de base para outro documento, o texto final da CPI, que poderá ser concluído nos próximos dias.
Chong também teve conversas suas grampeadas pela Operação Anaconda, desencadeada no final do ano passado pela PF de Brasília para investigar corrupção na Justiça Federal paulista.
Numa conversa travada em dezembro de 2002 com o delegado da Polícia Federal José Augusto Bellini, preso desde outubro último, Chong diz que precisa "do endereço para mandar o negócio". Bellini orienta deixar a "mercadoria" em seu carro, que estava na garagem.
A PF suspeita que o presente se tratasse de um aparelho de TV de última geração. Em janeiro de 2003, a Anaconda gravou outra conversa entre os dois. Bellini demonstrava ansiedade: "Porque é a última carruagem que vai passar, pra mim é a última, eu não tenho mais carruagem não, meu irmão". Chong concordou com o delegado. Em seguida, ambos combinaram uma reunião com "o pessoal". Apesar das gravações, Chong não foi denunciado formalmente por envolvimento com a suposta quadrilha relacionada à venda de sentenças judiciais.
Em depoimento prestado à CPI da Pirataria em novembro, Chong admitiu "favores" a Bellini, mas negou conhecer juízes federais. O empresário afirmou ter um patrimônio de R$ 6 milhões.
Segundo o relatório da CPI, as investigações indicam remessas de valores do empresário para Los Angeles (EUA) em nome de sua mulher, Hwu Su Chiu Law, ou "Miriam", e ligações com uma empresa de turismo acusada em outros escândalos financeiros, a Tai Chi Turismo, de Santo André (SP).
De acordo com a comissão, há investigações contra Chong desde, pelo menos, 1997. Processos resultantes de duas delas estão paralisados devido a vitórias de Chong na Justiça. No ano passado, conseguiu obter decisão do Supremo Tribunal Federal que proibia tomada de imagens suas durante depoimento à CPI.


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