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Medeiros afirma que é necessário
fazer "uma limpeza nas polícias"
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da CPI da Pirataria, deputado federal Luiz Antonio de Medeiros, disse, em entrevista à Folha, que "é necessário fazer uma limpeza nas polícias". Ele
afirmou que o empresário Law
Kin Chong tem muita influência
no Judiciário e na política.
Medeiros, que participou da
operação para flagrar Chong, disse "que o empresário compra todo mundo e que pensou que iria
comprar a CPI também".
Folha - Qual o tamanho do Law
Kin Chong?
Luiz Antonio de Medeiros - É o
maior contrabandista brasileiro.
Há suspeição de que ele mexe
com tráfico de heroína também.
Ele tem conexões com o Paraguai
e tem um território livre: dois
shoppings que vendem tudo ilegalmente. Ele faz isso porque tem
uma rede de proteção da Justiça,
das polícias -não majoritário,
mas tem proteção das polícias militares e federal- e tem proteção
no meio político.
Folha - Dá para ter idéia do tamanho dessa rede de informantes e de
quantas autoridades a integram?
Medeiros - É tão grande que a
Polícia Federal teve de trabalhar
clandestinamente aqui em São
Paulo. Onde você mexer, acho
que tem mais de cem pessoas influentes e em cargos-chave nas
polícias. Ele acha que compra todo mundo. Ele estava certo de que
iria comprar a CPI também. Eu
não ia jogar meu nome na lama.
Eu não tive dúvidas. Um juiz me
disse que o Law é blindado.
Folha - Ele deu nomes de pessoas
que trabalham para ele?
Medeiros - Tem muita suspeição
tanto na Polícia Federal, como na
Polícia Civil, como em fiscalização e no meio político. Esta investigação tem de ser aprofundada.
Não pode ficar só no nome do
Law. Tem os irmãos dele, que são
mafiosos. A mulher dele é ligada à
máfia. Ele vive da impunidade.
Folha - O sr. tem idéia do patrimônio dele?
Medeiros - É muito grande. Ele
tem, além das lojas, casa de câmbio, investimento na construção
civil, suspeição de que tenha banco, empresas em Manaus.
Folha - Quantas lojas ele tem?
Medeiros - Seiscentas lojas e dois
shoppings. Ele resolve todos os
seus problemas com dinheiro,
tanto na Justiça, como na polícia.
Há notícias de que financia campanhas.
Folha - Ele forneceu nomes de políticos?
Medeiros - Há suspeições, mas
não podemos adiantar.
Folha - O que o senhor irá propor
no relatório da CPI?
Medeiros - Tem de fazer uma
limpeza na polícia. A única força
que até hoje está cortando na carne chama-se Polícia Federal, com
o apoio do ministro da Justiça.
Tem de limpar a Polícia Rodoviária, as polícias estaduais. A corrupção nas polícias é muito maior
do que se pode imaginar. Eu vi
gente fazendo acertos quase nas
minhas barbas. Isso no meio das
operações, nós vimos um policial
receber R$ 4.000.
Folha - E a Polícia Federal de São
Paulo, precisa dessa limpeza?
Medeiros - Toda a polícia de São
Paulo precisa. Agora, é evidente
que há um núcleo de gente muito
boa, com quem a gente pode trabalhar. Mas tem as bandas podres
que, se não tirar, vai infeccionar o
todo.
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