São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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Empresário nega ter dado verba a PT

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Laerte Arruda Correa Júnior, investigado na Operação Vampiro, negou que tenha recolhido dinheiro para a campanha de 2002 do PT.
O nome de Corrêa Júnior foi citado em depoimento do empresário Francisco Danúbio Honorato, outro investigado na operação, à Polícia Federal.
Honorato afirmou ter ouvido "comentários de que o senhor Laerte [Corrêa] teria autorização do senhor Delúbio Soares, tesoureiro do PT, para solicitar dinheiro das empresas farmacêuticas e intermediar interesses dessas empresas junto ao [sic] Ministério da Saúde". Soares confirmou apenas contatos com Corrêa Júnior e disse que laboratórios encaminharam R$ 1,5 milhão ou R$ 1,6 milhão ao partido.
Ontem Corrêa Júnior disse que, como consultor da área farmacêutica, apresentou alguns laboratórios ao PT. "Jamais recolhi dinheiro de campanha. As doações estão declaradas no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e na prestação de contas do partido."
O empresário diz ter conhecido Soares durante a campanha. "Jamais tive autorização do senhor Soares para pedir ou receber qualquer doação", acrescentou. Segundo o empresário, a última vez em que encontrou Soares foi há cerca de três meses, na sede do PT em São Paulo.
"Entre ouvir dizer e a realidade há uma grande distância", acrescentou o empresário.

Caixa de campanha
A Polícia Federal decidiu aguardar o avanço das investigações da Operação Vampiro antes de pulverizar o inquérito e averiguar o desvio de verbas públicas em caixas de campanha. Até lá, a diretriz da cúpula da PF é focalizar as ações na suposta quadrilha responsável pelas fraudes nas compras de derivados do sangue.
O receio de diretores da PF, segundo a Folha apurou, é ampliar demais a investigação, abarcando diversos tentáculos e dispersar esforços. Isso não significa deixar de investigar o desvio de dinheiro público para caixa de campanha, mas fazer avançar o chamado "inquérito-mãe", para depois desmembrá-lo em outros.
Delegados experientes defendem esse caminho para evitar críticas de lentidão nas investigações. Seria melhor iniciar um inquérito daqui a seis meses e conclui-lo seis meses depois em vez de fracionar o "inquérito-mãe", nessa altura, e aguardar um ano até obter resultados concretos.
Tecnicamente, avalia a diretoria da PF, o depoimento citando a relação de Corrêa Júnior com o secretário de Finanças seria suficiente para investigar a conduta de Soares durante a campanha eleitoral de 2002, na qual Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente. Se houver novas informações a respeito, a PF pretende agrupá-las, mas o foco principal não será esse.

Genoino
O presidente do PT, José Genoino, e Delúbio Soares chegaram juntos ontem à noite ao evento de lançamento da revista com realizações de 26 administrações do PT, em Brasília. Segundo Genoino, "ninguém tinha autorização do PT para fazer contato [com os laboratórios]".


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