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Nacionalistas querem
domínio de tecnologia
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O anúncio de que o Brasil poderá assinar um acordo com a China
envolvendo exportações para
aquele país de urânio semi-beneficiado, o chamado "yellowcake",
provocou reação dos setores da
comunidade nuclear brasileira
considerados mais nacionalistas,
defensores de um plano estratégico que inclua a construção de novas usinas e o domínio completo
da tecnologia nuclear pelo país.
Essa corrente avalia que o Brasil
só deve cogitar a venda de urânio
se for após a etapa de enriquecimento do produto -transformação do urânio encontrado na natureza em um produto capaz de
gerar energia atômica para fins de
geração de energia elétrica.
O problema é que, mesmo levando em conta a construção de
apenas mais uma usina nuclear
no país (Angra 3), o Brasil só pode
pensar em ter excedente exportável de urânio enriquecido, na melhor das hipóteses, depois de 2010.
A fábrica de enriquecimento da
INB (Indústrias Nucleares do
Brasil) só deve entrar em operação, em pequena escala, em outubro deste ano.
Plano estratégico
Em setores como a Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear), o órgão normativo e fiscalizador da indústria nuclear brasileira, há a convicção de que só dispondo de um plano estratégico
para o aproveitamento do urânio
na sua própria indústria o Brasil
pode pensar na negociação de
acordos que incluam a venda de
produtos.
Esse foi o teor da entrevista do
próprio presidente da Cnen,
Odair Dias Gonçalves, que a Folha publicou no último sábado.
Uma das hipóteses que poderia
tornar palatável para os defensores da ampliação do programa
nuclear algum tipo de exportação
de urânio para a China seria a de
os chineses concordarem em incluir no pacote de ampliação de
seu parque gerador de energia
termonuclear a compra de equipamentos fabricados pela estatal
brasileira Nuclep.
A China pretende, até 2020, ampliar seu atual parque gerador de
energia termonuclear de atuais
quase 9.000 megawatts para 36
mil megawatts. A Nuclep produz
equipamentos para usinas nucleares, como geradores de vapor
e condensadores.
Para o engenheiro Édson Kuramoto, diretor da Aben (Associação Brasileira de Energia Nuclear), o urânio é um produto que
pode servir para que o Brasil reduza sua dependência de combustíveis fósseis (indústria do petróleo e gás) e por isso deve ser
visto como algo estratégico.
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