São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Com anúncio, acordo com PMDB fica distante, apesar de pressão do Planalto

Falcão deixa secretaria para ser vice de Marta na sucessão

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Rui Falcão (PT), secretário de Governo da Prefeitura de São Paulo, anunciou ontem que está deixando o cargo para disputar a eleição municipal de outubro. Ele deverá ocupar o posto de vice na chapa da prefeita Marta Suplicy, pré-candidata do PT à reeleição.
A desincompatibilização de Rui Falcão evidencia que o PT municipal pretende manter um petista como vice de Marta, mesmo com as pressões do Planalto para que seja feita a aliança com o PMDB.
A legislação eleitoral estipulou o dia 1º de junho como prazo para que os secretários de Estado com intenção de disputar a eleição afastem-se do cargo. A publicação da exoneração de Rui Falcão deverá sair hoje no "Diário Oficial".
À tarde, Jilmar Tatto, secretário dos Transportes, assumirá interinamente o posto de Falcão, que desde 2001 foi o principal articulador político da prefeita. Além de compor a coordenação da campanha de Marta, Tatto é um dos nomes mais fortes do governo. Foi o responsável pela implementação do bilhete único, que será um dos carros-chefes da campanha de reeleição da prefeita.
Ao deixar a secretaria, onde criou uma ampla base de apoio à prefeita, incluindo parlamentares que sustentaram os governos de Paulo Maluf (PP) e Celso Pitta, Falcão irá integrar o comando da campanha petista, ao lado do presidente municipal do PT, Ítalo Cardoso, o secretário Valdemir Garreta (Projetos Especiais) e Luis Favre, marido de Marta.
Falcão poderá assumir a prefeitura em 2006, caso a prefeita seja reeleita e renuncie para disputar o governo do Estado. Marta afirma que pretende completar os quatro anos de mandato, mas os próprios petistas vêem a escolha de Falcão, homem da sua confiança, como uma manobra em direção ao Palácio dos Bandeirantes.
No último dia 12, o secretário pediu afastamento do cargo por 15 dias para cuidar das alianças da prefeita, principalmente com PL e PC do B, além de tentar buscar um entendimento com o PMDB.
Lula chegou a pedir a Marta que ponderasse a questão. Isso porque a chapa "puro sangue", formada apenas por petistas, dificulta ainda mais as negociações com o PMDB, que possui cerca de cinco minutos de tempo de TV.
Vereadores peemedebistas, partido que compõe a base aliada de Marta na Câmara Municipal, são os principais entusiastas de uma aliança, mesmo sem a vice.
O entrave da negociação para a composição ficou na esfera estadual peemedebista. Setores ligados ao ex-governador Orestes Quércia, presidente estadual do PMDB, sentiram-se desprestigiados com a sua participação no governo Lula. Hoje a legenda possui Comunicações e Previdência.
Nenhum deles é de nomes ligados a Quércia, que lançou Michel Temer, presidente nacional da legenda, à disputa municipal e foi um dos principais articuladores da frente que visa fazer um contraponto às candidaturas de José Serra (PSDB), Marta e Maluf.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada em 23 de maio, o tucano tem 26% das intenções de voto, seguido por Marta e Maluf, cada um com 20%.
Petistas ligados à prefeita avaliam que o governo federal não se empenhou em favor da negociação com o PMDB. Há quadros do partido em Brasília lembrados como possíveis postulantes ao governo do Estado daqui a dois anos, como o ministro José Dirceu (Casa Civil), o presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante.


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