|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2004
Com anúncio, acordo com PMDB fica distante, apesar de pressão do Planalto
Falcão deixa secretaria para ser vice de Marta na sucessão
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Rui Falcão (PT), secretário de
Governo da Prefeitura de São
Paulo, anunciou ontem que está
deixando o cargo para disputar a
eleição municipal de outubro. Ele
deverá ocupar o posto de vice na
chapa da prefeita Marta Suplicy,
pré-candidata do PT à reeleição.
A desincompatibilização de Rui
Falcão evidencia que o PT municipal pretende manter um petista
como vice de Marta, mesmo com
as pressões do Planalto para que
seja feita a aliança com o PMDB.
A legislação eleitoral estipulou o
dia 1º de junho como prazo para
que os secretários de Estado com
intenção de disputar a eleição
afastem-se do cargo. A publicação
da exoneração de Rui Falcão deverá sair hoje no "Diário Oficial".
À tarde, Jilmar Tatto, secretário
dos Transportes, assumirá interinamente o posto de Falcão, que
desde 2001 foi o principal articulador político da prefeita. Além de
compor a coordenação da campanha de Marta, Tatto é um dos
nomes mais fortes do governo.
Foi o responsável pela implementação do bilhete único, que será
um dos carros-chefes da campanha de reeleição da prefeita.
Ao deixar a secretaria, onde
criou uma ampla base de apoio à
prefeita, incluindo parlamentares
que sustentaram os governos de
Paulo Maluf (PP) e Celso Pitta,
Falcão irá integrar o comando da
campanha petista, ao lado do presidente municipal do PT, Ítalo
Cardoso, o secretário Valdemir
Garreta (Projetos Especiais) e
Luis Favre, marido de Marta.
Falcão poderá assumir a prefeitura em 2006, caso a prefeita seja
reeleita e renuncie para disputar o
governo do Estado. Marta afirma
que pretende completar os quatro
anos de mandato, mas os próprios petistas vêem a escolha de
Falcão, homem da sua confiança,
como uma manobra em direção
ao Palácio dos Bandeirantes.
No último dia 12, o secretário
pediu afastamento do cargo por
15 dias para cuidar das alianças da
prefeita, principalmente com PL e
PC do B, além de tentar buscar
um entendimento com o PMDB.
Lula chegou a pedir a Marta que
ponderasse a questão. Isso porque a chapa "puro sangue", formada apenas por petistas, dificulta ainda mais as negociações com
o PMDB, que possui cerca de cinco minutos de tempo de TV.
Vereadores peemedebistas,
partido que compõe a base aliada
de Marta na Câmara Municipal,
são os principais entusiastas de
uma aliança, mesmo sem a vice.
O entrave da negociação para a
composição ficou na esfera estadual peemedebista. Setores ligados ao ex-governador Orestes
Quércia, presidente estadual do
PMDB, sentiram-se desprestigiados com a sua participação no governo Lula. Hoje a legenda possui
Comunicações e Previdência.
Nenhum deles é de nomes ligados a Quércia, que lançou Michel
Temer, presidente nacional da legenda, à disputa municipal e foi
um dos principais articuladores
da frente que visa fazer um contraponto às candidaturas de José
Serra (PSDB), Marta e Maluf.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada em 23 de
maio, o tucano tem 26% das intenções de voto, seguido por Marta e Maluf, cada um com 20%.
Petistas ligados à prefeita avaliam que o governo federal não se
empenhou em favor da negociação com o PMDB. Há quadros do
partido em Brasília lembrados como possíveis postulantes ao governo do Estado daqui a dois
anos, como o ministro José Dirceu (Casa Civil), o presidente da
Câmara dos Deputados, João
Paulo Cunha, e o líder do governo
no Senado, Aloizio Mercadante.
Texto Anterior: Elio Gaspari: Benditos sejam BID e Jackie Joy Próximo Texto: Em campanha: Serra compra xarope revigorante Índice
|