São Paulo, sábado, 02 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ BASE PARTIDA

Pré-candidatos para 2006, Humberto Costa e Olívio Dutra deixarão ministério; Jaques Wagner atuará na articulação política

PMDB indica nomes, e petistas devem sair

KENNEDY ALENCAR
JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem quatro indicações do PMDB para o ministério e decidiu tirar os petistas Humberto Costa da Saúde e Olívio Dutra das Cidades. Ambos deverão ser candidatos do PT a governador em 2006 em seus respectivos Estados, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
A ala governista do PMDB formalizou as indicações do deputado federal Saraiva Felipe (MG), do senador Hélio Costa (MG), do ex-deputado federal Paulo Lustosa (CE) e do presidente da Eletronorte, Silas Rondeau.
O presidente decidiu ainda que Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) atuará como articulador político. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, apóia a nomeação. Ela se dá bem com Wagner e quer alguém cuidando da política para se dedicar à administração.
Lula agora procura uma pasta para Aldo Rebelo, hoje na Coordenação Política, que será formalmente extinta. Militares resistem a seu nome para a Defesa, posto em que o vice-presidente José Alencar tende a permanecer a contragosto. Aldo é opção para Trabalho ou Esporte, se Agnelo Queiroz, indeciso ontem, resolver ser candidato a deputado federal em 2006. Se o for, deixaria o ministério para retomar o mandato. O PP poderia ficar com Esportes ou estatal importante.
Das indicações peemedebistas, Lula disse ontem a auxiliares que era provável a indicação de Saraiva Felipe para a Saúde e de Silas Rondeau para as Minas e Energia. O PT, porém, resiste a Felipe e aproveita o desejo de Lula de ter uma surpresa para insistir no médico Dráuzio Varella. Seria um nome de peso da sociedade civil para que a reforma não pareça rendição aos políticos tradicionais numa hora de crise grave.
Lula tem dúvida em relação a efetivar Paulo Lustosa, hoje secretário-executivo, como ministro das Comunicações. Prefere o senador Hélio Costa para essa pasta. Os peemedebistas desejam que Costa substitua Romero Jucá na Previdência ou ocupe Cidades.
Ou seja, Lula ainda tem dúvida entre dar quatro pastas ao PMDB, como pede a ala governista do partido para minar os oposicionistas, ou só três. Iria refletir no fim de semana para tentar fazer os anúncios na segunda.
As indicações peemedebistas foram feitas ontem pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador José Sarney (AP), que estiveram no Planalto. Renan tende a sair fortalecido desse processo, pois é o padrinho de três das quatro indicações. Rondeau é nome de Sarney, que receberá compensação pela promessa que não foi cumprida na reforma ministerial engavetada em março: a nomeação de sua filha, a senadora Roseana Sarney (PFL-MA), para um ministério. Dilma, ex-ministra de Minas e Energia, deu seu aval a Rondeau.
Lula tem insistido no critério de que ministros que desejem ser candidatos nas eleições do ano que vem deixem seus postos agora. E o estendeu para as estatais. Carlos Wilson (Infraero) e Jorge Sameck (Itaipu) já disseram que deixarão seus cargos. José Eduardo Dutra (Petrobras) está na dúvida entre continuar ou optar pelo projeto de ser candidato a senador por Sergipe em 2006.
Em conversa com Lula, Ciro Gomes pediu para continuar na Integração Nacional. Deseja entregar o projeto de transposição das águas do rio São Francisco. Lula tende a aceitar, mas ele é opção para Saúde ou Previdência.
A tendência do presidente é reintegrar a secretaria especial da Pesca, chefiada por José Fritch, à Agricultura. Deverão manter o status de ministra Matilde Ribeiro, secretária especial de Políticas de Promoção da Igualdade Social, e Nilcéia Freire, secretária especial de Políticas para as Mulheres. Ricardo Berzoini deixará o Trabalho para voltar à Câmara.


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