São Paulo, quinta, 2 de julho de 1998

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SUCESSÃO
No aniversário do Real, presidente mostra otimismo e diz que juros vão cair
FHC promete crescimento do PIB acima de 4% em 99

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, durante a cerimônia de aniversário de quatro anos do Plano Real, que o crescimento da economia no próximo ano poderá superar 4%. Mesmo que ele seja reeleito, como deseja, essa é um promessa difícil de ser cumprida.
"Nós vamos crescer, crescer com estabilidade e, no fim deste ano, já estaremos rodando, de novo, a economia numa taxa de 3% a 4% ao ano, para que possamos chegar ao ano que vem com uma taxa maior ainda, mais sustentada, desde que tenhamos condições macroeconômicas", afirmou o presidente-candidato.
É exatamente nessas condições macroeconômicas que residem as dificuldades do governo para acelerar o crescimento econômico.
Como FHC lembrou no discurso, tudo irá depender das condições internas e também da situação externa, que passa hoje por um momento de incerteza diante da crise nos países asiáticos.
Neste ano, por exemplo, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas do país) deverá ficar entre 1,5% e 2%, disse o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente. De 1993 a 1997, a taxa média ficou em 4% ao ano.
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse no seu discurso que o crescimento será menor neste ano devido às "medidas que, transitoriamente, fomos obrigados a tomar por ocasião da crise asiática".
"Mas o crescimento já está sendo retomado e nós já viraremos 98/99 com uma taxa de crescimento bem mais elevada", afirmou.
FHC também mencionou a crise asiática como motivo para reduzir o ritmo de crescimento da economia neste ano. Malan disse ainda que o governo está criando condições para o crescimento sustentado da economia, mas que não quer e não vai gerar nenhuma "bolha de crescimento".
O presidente reafirmou que a tendência dos juros é de queda. Hoje a TBC (Taxa Básico do Banco Central), que chegou a 43,41% ao ano em outubro de 1997, está em 21% ao ano -ainda alta para os padrões internacionais.
"Uma queda que se fará com critérios técnicos, mas olhando a política internacional, vendo os perigos e vendo a nossa situação."
Antes da última redução da TBC, os aliados políticos do governo pediram que a tendência de queda fosse mantida.
Para reduzir os juros de maneira mais rápida, porém, o governo terá de resolver aquele que é considerado o principal problema do Real agora: o déficit público.
Apesar desse ponto não ter sido citado nos discursos de ontem, o governo avalia que será necessário gerar um superávit primário -que exclui gastos com juros- entre 1,5% e 2% do PIB nos próximos dois a três anos.
Segundo Pedro Parente, as reformas constitucionais são importantes para se obter esse resultado.
Entre 1995 e 1997, os gastos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) com o pagamento de benefícios passou de R$ 32,5 bilhões para R$ 46,4 bilhões, disse o secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia.



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