São Paulo, quinta, 2 de julho de 1998

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SUCESSÃO
Programa de Lula deverá propor o assentamento de pelo menos 1 milhão de famílias de sem-terra em 4 anos
Proposta de dobrar mínimo divide frente

PATRÍCIA ANDRADE

A versão mais simplificada do programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que será apresentada na próxima segunda-feira em Brasília, deve propor o assentamento de pelo menos um milhão de famílias em quatro anos. O presidente Fernando Henrique Cardoso afirma que, até o final de sua gestão, 300 mil famílias estarão assentadas.
Outro ponto em discussão pelos partidos da frente de esquerda que apóia Lula (PT, PDT, PSB, PC do B e PCB) é dobrar o valor do salário mínimo, hoje de R$ 130, num período de, no máximo, dois anos.
Essa proposta, porém, encontra resistências entre os economistas que participam da elaboração do documento.
"A melhor maneira de elevar salários é aumentando a produção. Os salários terão aumento gradativo, e os trabalhadores vão entender isso", argumenta o economista Guido Mantega, um dos formuladores do programa de governo.
Na área da educação, um dos compromissos será o de erradicar o analfabetismo. Para viabilizar essa promessa, seriam organizados mutirões de jovens que se engajariam na campanha.
O eixo central da chamada "carta-compromisso", que terá no máximo seis laudas, será a "retomada do desenvolvimento numa escala acelerada".
O programa propõe a implementação de uma política industrial que estimule a produção nacional, gerando mais empregos, além de uma política agrícola e de ciência e tecnologia. Discute-se a aplicação de cerca de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em pesquisa tecnológica.
Para a agricultura, o plano é estabelecer juros baixos aos pequenos e médios produtores e, em alguns casos, subsidiar os investimentos, como no caso de agricultores que, por causa das exigências do mercado externo, precisem mudar de área de atuação.
No quesito desemprego, a idéia é criar um programa de geração do primeiro emprego, voltado para os jovens. Além disso, a plataforma prevê a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas, medida que, segundo um estudo do Dieese, criaria cerca de três milhões de novos empregos.
O documento fará um diagnóstico sombrio da conjuntura brasileira, afirmando que a administração de FHC é "um governo de instabilidade, de crise e de dependência externa".
A "carta-compromisso" vai defender que é preciso "enfrentar a crise social com urgência" e que o desafio, agora, é compatibilizar estabilidade econômica com crescimento.



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