São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2004

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TODA MÍDIA - NELSON DE SÁ

Histórico, mas vago

Conversas comerciais aborrecem, o vaivém não tem fim. Mas, pelo impacto, o acordo na Organização Mundial do Comércio é um marco.
No "Financial Times", a manchete dizia ser "histórico". No "Wall Street Journal", a reportagem abria falando em "acordo agrícola histórico". Foi primeira página do "Washington Post" ao "Los Angeles Times".
"El País" e "Le Monde" destacaram, respectivamente, a "reativação do comércio global" e o "bom acordo para a França", no dizer do francês Pascal Lamy, enviado da União Européia.
Lamy, o americano Robert Zoellick e o brasileiro Celso Amorim eram citados como os três articuladores do acerto. O francês e o americano, segundo o "New York Times", deixam seu "último legado". Lamy sai em outubro. Zoellick torce pela vitória de George W. Bush.
Começam aí os problemas. Para o "FT", "a saída vai deixar um grande buraco na rede de relações entre os grandes negociadores comerciais, que levou anos para se desenvolver".
Pode sobrar só Amorim para levar adiante o acordo, que as várias análises concordam ser "vago", "pouco claro", um primeiro passo na "maratona".

 

O episódio evidenciou que o democrata John Kerry, por quem tantos brasileiros torcem, é um perigo para o Brasil.
De um lado, Zoellick agradeceu Bush, no "NYT", dizendo que recebeu dele "poder para fazer do êxito comercial uma prioridade, apesar do ano eleitoral". E que Bush "acredita que a abertura constrói economias mais fortes e ajuda a criar empregos".
Já os democratas disseram que, "diante de 2,5 milhões de empregos perdidos, podemos e temos que fazer mais pelos americanos que trabalham duro".
A mulher de Kerry pode falar português, mas não se deve esperar dele mais que sorrisos.
 

Quem sai aliviado do episódio é Celso Amorim, "porta-voz do mundo em desenvolvimento", para o "NYT". Ele até obteve ganhos para o Brasil, diz o "WSJ":
- As concessões atingiram mais os europeus. A queda nos subsídios pode fazer o açúcar, a carne e o leite europeus mais vulneráveis ao Brasil, ansioso por morder seu rico mercado.

AOS CHUTES

Jornal Nacional/Reprodução
A manchete era a morte de um sem-terra. Mas a cena que chocou no JN foi a do "dono da fazenda", no Paraná, chutando outro sem-terra, "mesmo com a presença de policiais"

Alckmin 2006
Surgiu ao mesmo tempo na "Veja" e no blog de Jorge Bastos Moreno o anúncio de que Geraldo Alckmin é desde já candidato em 2006. Para a revista, o PFL "fechou o apoio" a Alckmin, "o mais conservador" dos tucanos. No blog, ele próprio "se traiu".

A semana
Alckmin deve ser assunto na reunião dos governadores do PSDB, hoje, mas não o único.
Os tucanos anunciam que a semana é de cerco ao ex-tucano Henrique Meirelles, do Banco Central. Segundo a Agência Nordeste, o senador Antero Paes de Barros quer demissão "imediata de toda a diretoria".

Algum lugar
Enquanto isso, Meirelles reclamava, no site de "O Estado de S.Paulo", que as denúncias contínuas contra ele e o BC "vêm de algum lugar, não sei de onde".

Bandeira
Semanas atrás, um secretário de George W. Bush surgiu para avisar do risco de ataque terrorista. Foi visto no "Washington Post" com desconfiança sobre sua intenção -seria eleitoral.
Agora, dias após a convenção democrata, vem outro secretário e faz o mesmo, mudando até a cor do "alerta", dizendo que um dos alvos é Wall Street.
A Fox News, pró-Bush, já está com a bandeira de volta na tela.

Grande coisa
Larry Rohter e o Departamento de Estado, ao que parece, já não desgostam tanto de Lula. O repórter do "New York Times" escreveu uma longa reportagem simpática à presença militar brasileira no Haiti, pela ONU.
Mencionou "alto funcionário americano", para quem "o Brasil realmente tomou um papel de liderança num momento crucial, e isso é uma grande coisa".

CARTEL

BBC Brasil/Reprodução
O Brasil é capa da versão latino-americana da "Newsweek", que diz que "todos amam o Brasil", mas a notícia de impacto era outra. Uma lista do Pentágono diz que o presidente da Colômbia, que esteve outro dia com Lula, "trabalhou para o cartel de Medellin"


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