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ENTREVISTA DA 2ª
CLAUDIO VAZ E PAULO SKAF
Críticas de candidatos e divisão do empresariado marcam disputa que já consome US$ 6 milhões
Eleições da Fiesp são as mais caras e disputadas da história
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Esquenta a disputa para a presidência da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo). Marcada para o dia 25 de
agosto, a eleição já é considerada
uma das mais imprevisíveis e caras da entidade empresarial.
Estão em jogo a administração
de um orçamento anual de R$ 700
milhões e, numa disputa paralela,
o comando de outra entidade, o
Ciesp (Centro das Indústrias do
Estado de São Paulo), uma entidade civil com um orçamento de
cerca de R$ 30 milhões ao ano.
O candidato da situação, Claudio Vaz, 56, diz que o resultado está longe de estar definido. O oposicionista Paulo Skaf, 48, diz já ter
votos suficientes para vencer.
A única vez em que um candidato de oposição ganhou a presidência da Fiesp foi em 1980, na vitória de Luiz Eulálio de Bueno Vidigal sobre o empresário Theobaldo de Nigris, que ficara no cargo durante 14 anos.
Agora, não só o mesmo desfecho de 1980 é possível como outro
cenário, ainda mais inesperado,
tem sido cogitado por observadores independentes.
Desde a fundação da Fiesp, em
1942, nunca houve um caso de ser
eleito um presidente da federação
e outro no Ciesp -as eleições são
no mesmo dia, mas separadas.
A sede das duas entidades é no
mesmo local -num prédio em
forma de ralador de queijo, na
Avenida Paulista, em São Paulo.
A Fiesp é considerada a maior
entidade empresarial do país. Ela
vive principalmente de repasses
de recursos do Sesi e do Senai
-esses repasses compõem cerca
de 80% de seu orçamento.
Já o Ciesp foi fundado em 1928.
Trata-se de uma entidade civil cujo primeiro presidente foi Francisco Matarazzo. Votam para a
eleição da Fiesp 122 sindicatos.
Para o Ciesp, cerca de 7.500 empresas votam diretamente.
O resultado parece indefinido
nos dois pleitos. Vaz diz ter entre
50 e 55 votos na Fiesp, e, pelos
seus cálculos, Skaf teria o mesmo.
A eleição seria decidida, na reta final, por cerca de 15 indecisos. Skaf
garante ter 71 votos. São necessários o mínimo de 62 votos.
Estratégias
Os dois candidatos traçaram estratégicas distintas para a campanha, até agora. Por sua forte ligação com a indústria têxtil, por ser
presidente da Abit (Associação
Brasileira da Indústria Têxtil),
Skaf conseguiu o apoio de personagens importantes dos mundos
político e empresarial.
Entre eles, o do vice-presidente
da República, José Alencar, e do
senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo do Senado.
Mercadante é muito amigo de
Benjamin Steinbruch, presidente
da CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional) e da Vicunha, um dos
maiores grupos têxteis do país e
um dos principais patrocinadores
da campanha de Skaf.
Além deles, também compõem
essa lista empresários como Ivo
Rosset (Vailsère), Flávio Rocha
(Riachuelo) e Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas e filho do vice José Alencar.
Os dois candidatos não revelam
as cifras da disputa, mas segundo
a Folha apurou, as duas campanhas envolvem recursos da ordem de US$ 6 milhões. Os valores
só serão divulgados formalmente
depois das eleições.
Apoios
Vaz tem como seu grande trunfo o apoio de Horacio Lafer Piva,
atual presidente da Fiesp. Ele tem
a seu lado grandes empresários de
São Paulo, entre eles Antônio Ermírio de Moraes, presidente do
grupo Votorantim.
José Netto, sobrinho de Antônio
Ermírio e filho do já falecido José
Ermírio de Moraes, também faz
parte da chapa de Vaz.
Entre outros grandes empresários que apóiam Vaz estão José
Mindlin, Mario Amato (ex-presidente da Fiesp), Ozires Silva, Luiz
Carlos Delben Leite (presidente
da Abimaq -Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e
Equipamentos) e Arthur Quaresma (presidente do Sinduscon
-Sindicato da Indústria de
Construção Civil de São Paulo).
Vaz aposta no apoio que recebeu de grandes sindicatos como
Abimaq e Sinduscon. Ele espera
que esses sindicatos influenciem
os demais e definam o resultado
das eleições em agosto.
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