São Paulo, domingo, 02 de setembro de 2001

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OUTRO LADO

Ana Martins diz que não dará "munição" a ex-prefeito

Maluf nega ter empresas e desafia vereadora a provar ligações a Jersey

DA REPORTAGEM LOCAL
DO ENVIADO ESPECIAL

O ex-prefeito Paulo Maluf desafiou a vereadora Ana Martins (PC do B) a revelar dia, horário e duração das ligações atribuídas a Maluf e a seus familiares para a ilha de Jersey e para o banco de investimento norte-americano Salomon Smith Barney. Presidente da CPI municipal da Dívida Pública, Ana Martins afirmou que há "inúmeros" telefonemas do ex-prefeito para Jersey.
Em nota, Maluf disse que a vereadora o acusou de forma "irresponsável e mentirosa". A Folha apurou que pelo menos seis ligações para o Salomon Smith Barney partiram de linhas telefônicas pertencentes ao ex-prefeito. As ligações -três de telefone celular e outras três de uma linha fixa- foram feitas no segundo semestre do ano passado.
Desde outubro de 1998, o banco americano pertence ao Citigroup, holding à qual também está vinculado o Citibank. Documentos do governo suíço afirmam que Maluf foi beneficiário de conta aberta na agência do banco em Genebra até janeiro de 1997, quando o dinheiro foi transferido para a agência do Citibank em Jersey, no canal da Mancha.
Depois da quebra do sigilo telefônico da família Maluf, autorizada pela Justiça no dia 20 de agosto, já foram descobertas ligações originadas em linhas telefônicas do filho mais velho do ex-prefeito, Flávio Maluf, para o Citibank de Genebra. Estima-se que US$ 200 milhões estejam depositados em nome da família do ex-prefeito.

Resposta
Em resposta ao ex-prefeito, a vereadora Ana Martins limitou-se a dizer que não vai "morder a isca para não dar a Maluf os argumentos de que ele precisa para detonar a CPI".
Por meio de sua assessoria de imprensa, Maluf declarou ainda que não tem e nunca teve ações de empresas estabelecidas em Cayman ou em qualquer outro paraíso fiscal, referindo-se às empresas Red Ruby Ltd. e Blue Diamond Ltd., sediadas na ilha do Caribe. O ex-prefeito disse que nunca esteve em Cayman e negou a existência de contas no exterior em seu nome e de seus familiares, seja como titular ou como beneficiário.
As negativas se repetem desde junho, quando a Folha revelou a existência de depósitos ilegais no exterior em nome do ex-prefeito. Na semana passada, Maluf afirmou que, se tivesse dinheiro em paraíso fiscal, doaria toda a quantia para a Santa Casa de São Paulo.
O ex-prefeito está processando os promotores de Justiça que investigam o caso e se disse vítima de perseguição política por parte do Ministério Público. Os promotores afirmaram que sua ação é jurídica e não política.


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