São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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Custo da água desviada é questão sem resposta

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O principal problema do projeto de transposição das águas do São Francisco está na própria estrutura do empreendimento, e não na oposição que enfrenta há mais de um século.
Quanto vai custar a água a ser retirada no futuro do leito do São Francisco depois que percorrer quilômetros de canais e quem pagará por ela? São questões a que o projeto ainda não respondeu e que podem transformá-lo em mais uma Transamazônica, na opinião de vozes mais críticas dentro do próprio governo.
A mensagem que Lula enviou ao Congresso anteontem indica que haverá pagamento pela água. "A viabilidade financeira do empreendimento está baseada no princípio de que a água é um bem de valor econômico, pago por quem o consome", diz o texto.
Não se cogita cobrar da população mais pobre atingida pela seca, mesmo porque ela será minoria entre os futuros beneficiários da transposição, apurou a Folha.
A conta final bateria sobretudo no bolso dos usuários urbanos e da indústria. Os produtores rurais deverão receber subsídios para não inviabilizar as culturas irrigadas com as águas do São Francisco. O vice-presidente José Alencar, encarregado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de coordenar a negociação do projeto, estimou que o custo da água retirada do rio custaria entre R$ 0,03 e R$ 0,08 por metro cúbico.
O mesmo texto da mensagem de Lula lista outras justificativas para o investimento de dinheiro público nas obras: a redução das migrações de nordestinos para os grandes centros urbanos e a redução de gastos emergenciais com as populações atingidas pela seca.
A mensagem diz ainda que o projeto, ao custo total de R$ 4,2 bilhões, "não deve ser visto como a solução final dos problemas do Nordeste". O empreendimento não termina com a construção de canais para desviar as águas do São Francisco para outras regiões.


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