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Custo da água desviada é questão sem resposta
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O principal problema do projeto de transposição das águas do
São Francisco está na própria estrutura do empreendimento, e
não na oposição que enfrenta há
mais de um século.
Quanto vai custar a água a ser
retirada no futuro do leito do São
Francisco depois que percorrer
quilômetros de canais e quem pagará por ela? São questões a que o
projeto ainda não respondeu e
que podem transformá-lo em
mais uma Transamazônica, na
opinião de vozes mais críticas
dentro do próprio governo.
A mensagem que Lula enviou
ao Congresso anteontem indica
que haverá pagamento pela água.
"A viabilidade financeira do empreendimento está baseada no
princípio de que a água é um bem
de valor econômico, pago por
quem o consome", diz o texto.
Não se cogita cobrar da população mais pobre atingida pela seca,
mesmo porque ela será minoria
entre os futuros beneficiários da
transposição, apurou a Folha.
A conta final bateria sobretudo
no bolso dos usuários urbanos e
da indústria. Os produtores rurais
deverão receber subsídios para
não inviabilizar as culturas irrigadas com as águas do São Francisco. O vice-presidente José Alencar, encarregado pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva de coordenar a negociação do projeto, estimou que o custo da água retirada do rio custaria entre R$ 0,03 e
R$ 0,08 por metro cúbico.
O mesmo texto da mensagem
de Lula lista outras justificativas
para o investimento de dinheiro
público nas obras: a redução das
migrações de nordestinos para os
grandes centros urbanos e a redução de gastos emergenciais com
as populações atingidas pela seca.
A mensagem diz ainda que o
projeto, ao custo total de R$ 4,2
bilhões, "não deve ser visto como
a solução final dos problemas do
Nordeste". O empreendimento
não termina com a construção de
canais para desviar as águas do
São Francisco para outras regiões.
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