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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Para prefeita, objetivo de tucanos é impedir reeleição; dois meses antes do previsto, e a um das eleições, petista libera obra na Cidade Jardim
PSDB prejudica SP para atingir PT, diz Marta
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita Marta Suplicy (PT)
acusou ontem os tucanos de agirem contra os interesses da cidade
de São Paulo com o objetivo de
prejudicar a sua reeleição.
"Isso tudo foi sempre um jogo
com a cidade de São Paulo, um
não querer bem a cidade de São
Paulo no governo do PSDB. Desde a Presidência de FHC, que não
mandou os recursos da nossa cidade, até a postura do Senado, em
que demoraram com os meus
empréstimos", afirmou.
De acordo com a prefeita, o objetivo era um só: "A intenção era
prejudicar São Paulo, a reeleição
aqui. Era também atrapalhar no
que pudesse o governo Lula".
As declarações de Marta foram
feitas durante discurso em almoço com cerca de 150 empresário
de Moema (zona sul), em um restaurante no bairro.
Faria Lima antecipada
Antes, a prefeita visitou as obras
da passagem subterrânea da avenida Cidade Jardim sob a Faria Lima, onde anunciou a liberação de
uma das vias já na próxima terça-feira -dois meses antes do previsto e, importante, um mês antes
das eleições deste ano.
Segundo a Folha apurou, a prefeitura sempre trabalhou com esse prazo, apesar de anunciar a
conclusão só para novembro. A
segunda parte deve ficar pronta,
no máximo, até meados de outubro -antes, de novo, do segundo
turno da eleição.
O secretário Valdemir Garreta,
responsável pelos projetos especiais da prefeitura, negou que a
antecipação da entrega da obra tenha qualquer objetivo eleitoral.
Orçado inicialmente em R$ 82,2
milhões, o túnel da Cidade Jardim
sob a Faria Lima teve um aumento de 47,1%, para R$ 121,8 milhões. A Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) alegou "dificuldades técnicas".
Polêmica dos empréstimos
A crítica de Marta em relação
aos senadores foi motivada por
entraves que a prefeitura enfrentou na liberação de dois empréstimos, no total de R$ 800 milhões.
No ano passado, os senadores
da oposição bloquearam por semanas a liberação de um empréstimo do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social) porque consideravam
que as prefeituras petistas estavam sendo beneficiadas.
Ao criticar a manobra na época,
Marta acabou provocando um
mal-estar ainda maior, por dizer
que a decisão era uma "manifestação do Nordeste contra o Estado e a cidade de São Paulo". Depois, mandou carta tentando explicar a sua declaração. No final,
os R$ 494 milhões para o setor de
transportes acabaram liberados.
Neste ano, houve um novo problema, quando o Senado também
demorou para aprovar a liberação
do empréstimo do BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento), de US$ 100,4 milhões, para a revitalização do centro.
Além dos problemas com os
empréstimos, Marta disse ontem
que a prefeitura passou "a pão e
água" no governo de Fernando
Henrique Cardoso. Os últimos
dois anos da gestão FHC (1995-2002) coincidiram com os dois
primeiros do mandato da petista
(2001-2004).
A prefeita voltou a falar que tem
no governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), "um bom
parceiro". "E espero que ele também tenha um bom tratamento
do governo Lula".
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