São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Para prefeita, objetivo de tucanos é impedir reeleição; dois meses antes do previsto, e a um das eleições, petista libera obra na Cidade Jardim

PSDB prejudica SP para atingir PT, diz Marta

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita Marta Suplicy (PT) acusou ontem os tucanos de agirem contra os interesses da cidade de São Paulo com o objetivo de prejudicar a sua reeleição.
"Isso tudo foi sempre um jogo com a cidade de São Paulo, um não querer bem a cidade de São Paulo no governo do PSDB. Desde a Presidência de FHC, que não mandou os recursos da nossa cidade, até a postura do Senado, em que demoraram com os meus empréstimos", afirmou.
De acordo com a prefeita, o objetivo era um só: "A intenção era prejudicar São Paulo, a reeleição aqui. Era também atrapalhar no que pudesse o governo Lula".
As declarações de Marta foram feitas durante discurso em almoço com cerca de 150 empresário de Moema (zona sul), em um restaurante no bairro.

Faria Lima antecipada
Antes, a prefeita visitou as obras da passagem subterrânea da avenida Cidade Jardim sob a Faria Lima, onde anunciou a liberação de uma das vias já na próxima terça-feira -dois meses antes do previsto e, importante, um mês antes das eleições deste ano.
Segundo a Folha apurou, a prefeitura sempre trabalhou com esse prazo, apesar de anunciar a conclusão só para novembro. A segunda parte deve ficar pronta, no máximo, até meados de outubro -antes, de novo, do segundo turno da eleição.
O secretário Valdemir Garreta, responsável pelos projetos especiais da prefeitura, negou que a antecipação da entrega da obra tenha qualquer objetivo eleitoral.
Orçado inicialmente em R$ 82,2 milhões, o túnel da Cidade Jardim sob a Faria Lima teve um aumento de 47,1%, para R$ 121,8 milhões. A Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) alegou "dificuldades técnicas".

Polêmica dos empréstimos
A crítica de Marta em relação aos senadores foi motivada por entraves que a prefeitura enfrentou na liberação de dois empréstimos, no total de R$ 800 milhões.
No ano passado, os senadores da oposição bloquearam por semanas a liberação de um empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) porque consideravam que as prefeituras petistas estavam sendo beneficiadas.
Ao criticar a manobra na época, Marta acabou provocando um mal-estar ainda maior, por dizer que a decisão era uma "manifestação do Nordeste contra o Estado e a cidade de São Paulo". Depois, mandou carta tentando explicar a sua declaração. No final, os R$ 494 milhões para o setor de transportes acabaram liberados.
Neste ano, houve um novo problema, quando o Senado também demorou para aprovar a liberação do empréstimo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), de US$ 100,4 milhões, para a revitalização do centro.
Além dos problemas com os empréstimos, Marta disse ontem que a prefeitura passou "a pão e água" no governo de Fernando Henrique Cardoso. Os últimos dois anos da gestão FHC (1995-2002) coincidiram com os dois primeiros do mandato da petista (2001-2004).
A prefeita voltou a falar que tem no governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), "um bom parceiro". "E espero que ele também tenha um bom tratamento do governo Lula".


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