São Paulo, quarta-feira, 02 de outubro de 2002

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RETA FINAL

Tucanos acreditam que boatos sobre suposta gravação contra vida de Lula servem como munição para adversários

Serra vê "armação" para tirá-lo do 2º turno

RAYMUNDO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A SANTA MARIA (RS)

Uma série de más notícias nos últimos 15 dias da campanha tirou o humor do candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Mas nenhuma delas deixou o comando da campanha tucana e o candidato mais contrariados do que a notícia segundo a qual estariam armando um ataque na reta final da campanha envolvendo a vida privada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para o comitê eleitoral de Serra, pelo contrário, trata-se de uma armação, cuja origem os tucanos se negam a identificar, para evitar a ida do candidato ao segundo turno. Serra disse a interlocutores, antes de embarcar ontem para o Rio Grande do Sul, que seria "incapaz" de desferir ataque à vida pessoal ao petista.
Segundo os tucanos, os boatos que circularam ontem dando conta que de o comitê de Serra teria um filme comprometedor contra Lula surgiram provavelmente para serem utilizados contra o tucano, no debate entre os candidatos na TV Globo, marcado para amanhã.
Serra visitou ontem três cidades gaúchas, fazendo campanha com o candidato do PMDB ao governo estadual, Germano Rigotto. Ao contrário do que ocorreu nas últimas maratonas eleitorais, ele perdeu a paciência com perguntas feitas pelos jornalistas.
Além das notícias sobre o ataque a Lula, o tucano também estava aborrecido com a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que lhe retirou cerca de oito minutos de tempo de TV justamente no último dia do horário eleitoral gratuito.
Segundo o PSDB, as representações feitas pelo PT deveriam ter sido julgadas semana passada, mas o relator, ministro Caputo Bastos, adiou a apresentação de seu parecer porque estava gripado. Para os tucanos, ele poderia ter transferido a tarefa para outro ministro, o que impediria uma decisão a ser cumprida justamente no último dia permitido para a propaganda eleitoral gratuita.
A avaliação tucana é que o tribunal foi intimidado por acusações feitas pela oposição, segundo as quais sempre decidia a favor de Serra, e influenciado por ministros simpáticos à candidatura Lula da Silva.
Há 15 dias a campanha de Serra é alvo de uma série de más notícias, que o candidato tem procurado administrar seja desqualificando os fatos, seja tentando manter o humor e a ofensiva para garantir sua passagem para a disputa do segundo turno com Lula.
Dentre esses revés, três deles incomodaram particularmente Serra: a adesão do empresário Eugênio Staub a Lula, a admissão feita pelo banqueiro Roberto Setúbal, seu eleitor, de que o petista vencerá e as confidências no mesmo sentido feitas por Fernando Henrique Cardoso ao presidente argentino, Eduardo Duhalde.



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