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São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2003

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ESPETÁCULO EM XEQUE

Declaração foi feita em programa quinzenal de rádio

Lula agora afirma que país voltará a crescer em 2004

PATRICIA COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cinco meses depois de prever o "espetáculo do crescimento" para julho de 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem ter a "certeza de que 2004 será um ano muito melhor".
"O Brasil vai voltar a crescer, vai gerar empregos e vai gerar distribuição de renda", disse na segunda edição do programa quinzenal de rádio "Café com o Presidente".
Lula afirmou que um dos motivos do seu otimismo é a expectativa de investimentos da iniciativa privada. "Sabendo que o Estado tem pouco dinheiro para investimento, nós apresentamos ao Congresso Nacional um projeto de lei que é o PPP, Parceria Público-Privada, para que a gente possa fazer com que os empresários façam aquilo que o Estado brasileiro não pode fazer", afirmou.
O presidente declarou que o maior controle da inflação e a redução do risco-Brasil alcançados em seu governo vão contribuir "para que os empresários se convençam da necessidade de [fazer] investimentos no Brasil".
Ele disse esperar que empresários brasileiros e estrangeiros sintam-se motivados a investir no país, apesar de ter reafirmado que o processo de queda dos juros e retomada dos investimentos públicos não será rápido.
"Vamos fazer, eu diria, não com a pressa que alguns desejam, porque precisamos por um lado controlar a queda da taxa de juros e de outro lado a gente precisa controlar a inflação", declarou.
Lula também manifestou otimismo quanto à aprovação das reformas. "Estou alegre porque eu acho que o Senado vai cumprir o papel que o povo brasileiro espera, que é votar as reformas."
Ele declarou que a aprovação da reforma da Previdência foi uma demonstração de que "em algum momento da nossa vida nós temos que nos preocupar com o Brasil, pensar na próxima geração e não na próxima eleição".
Lula disse que a aprovação da reforma tributária, que ainda tramita no Senado, vai desonerar as exportações e "tirar mais de quem tem mais para garantir benefícios a quem tem menos."
O presidente também criticou o trabalho de reforma agrária de governos anteriores. "Reforma agrária não é você pegar uma pessoa, jogar num terreno e dizer: está feita a reforma agrária." Para Lula, além da terra é preciso dar assistência técnica, financiamento, moradia, escola, saúde e mercado para o que for produzido.

Viagem ao Oriente Médio
O presidente começa hoje uma viagem de nove dias a cinco países do Oriente Médio com o objetivo de atrair investimentos para o Brasil.
O país quer se credenciar para se tornar o destino de parte dos US$ 300 bilhões que os países árabes retiraram dos EUA após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Esses investimentos retirados dos EUA foram monitorados pelo Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty.
Lula visitará Síria, Líbano, Emirados Árabes Unidos, Egito e Líbia. O presidente cancelou a visita que faria à Arábia Saudita, um dos campeões de investimentos nos EUA. Reservadamente, o Planalto admite que o cancelamento ocorreu por motivos de segurança.
A política exterior de Lula tem como eixo o fortalecimento da liderança do Brasil na América do Sul. De posse dessa credencial, o governo pretende chegar a outras regiões, como a África. Também estão nos planos de Lula a Índia (onde estará em janeiro) e a China (planeja uma viagem para 2004).
Além de estreitar relações comerciais, Lula pretende estimular a criação de um bloco de países com características socioeconômicas semelhantes para fortalecer os interesses dessas nações em negociações comerciais.


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