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ESPETÁCULO EM XEQUE
Declaração foi feita em programa quinzenal de rádio
Lula agora afirma que país voltará a crescer em 2004
PATRICIA COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cinco meses depois de prever o
"espetáculo do crescimento" para
julho de 2003, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou ontem ter a "certeza de que 2004 será
um ano muito melhor".
"O Brasil vai voltar a crescer, vai
gerar empregos e vai gerar distribuição de renda", disse na segunda edição do programa quinzenal
de rádio "Café com o Presidente".
Lula afirmou que um dos motivos do seu otimismo é a expectativa de investimentos da iniciativa
privada. "Sabendo que o Estado
tem pouco dinheiro para investimento, nós apresentamos ao
Congresso Nacional um projeto
de lei que é o PPP, Parceria Público-Privada, para que a gente possa fazer com que os empresários
façam aquilo que o Estado brasileiro não pode fazer", afirmou.
O presidente declarou que o
maior controle da inflação e a redução do risco-Brasil alcançados
em seu governo vão contribuir
"para que os empresários se convençam da necessidade de [fazer]
investimentos no Brasil".
Ele disse esperar que empresários brasileiros e estrangeiros sintam-se motivados a investir no
país, apesar de ter reafirmado que
o processo de queda dos juros e
retomada dos investimentos públicos não será rápido.
"Vamos fazer, eu diria, não com
a pressa que alguns desejam, porque precisamos por um lado controlar a queda da taxa de juros e
de outro lado a gente precisa controlar a inflação", declarou.
Lula também manifestou otimismo quanto à aprovação das
reformas. "Estou alegre porque
eu acho que o Senado vai cumprir
o papel que o povo brasileiro espera, que é votar as reformas."
Ele declarou que a aprovação da
reforma da Previdência foi uma
demonstração de que "em algum
momento da nossa vida nós temos que nos preocupar com o
Brasil, pensar na próxima geração
e não na próxima eleição".
Lula disse que a aprovação da
reforma tributária, que ainda tramita no Senado, vai desonerar as
exportações e "tirar mais de quem
tem mais para garantir benefícios
a quem tem menos."
O presidente também criticou o
trabalho de reforma agrária de
governos anteriores. "Reforma
agrária não é você pegar uma pessoa, jogar num terreno e dizer: está feita a reforma agrária." Para
Lula, além da terra é preciso dar
assistência técnica, financiamento, moradia, escola, saúde e mercado para o que for produzido.
Viagem ao Oriente Médio
O presidente começa hoje uma
viagem de nove dias a cinco países
do Oriente Médio com o objetivo
de atrair investimentos para o
Brasil.
O país quer se credenciar para
se tornar o destino de parte dos
US$ 300 bilhões que os países árabes retiraram dos EUA após os
atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Esses investimentos retirados
dos EUA foram monitorados pelo
Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty.
Lula visitará Síria, Líbano, Emirados Árabes Unidos, Egito e Líbia. O presidente cancelou a visita
que faria à Arábia Saudita, um dos
campeões de investimentos nos
EUA. Reservadamente, o Planalto
admite que o cancelamento ocorreu por motivos de segurança.
A política exterior de Lula tem
como eixo o fortalecimento da liderança do Brasil na América do
Sul. De posse dessa credencial, o
governo pretende chegar a outras
regiões, como a África. Também
estão nos planos de Lula a Índia
(onde estará em janeiro) e a China
(planeja uma viagem para 2004).
Além de estreitar relações comerciais, Lula pretende estimular
a criação de um bloco de países
com características socioeconômicas semelhantes para fortalecer
os interesses dessas nações em negociações comerciais.
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