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NO AR
Sono gostoso
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
De tempos em tempos,
em seus oito anos, FHC
fazia uma blitz de TV. De uma
hora para outra, estava em toda
parte, para sumir logo depois.
Lula, como o antecessor, tirou
os últimos dias para ocupar a tela e acalmar os ânimos.
Anteontem surgiu em longa
entrevista na Band. Ontem voltou ao Café com o Presidente,
da Radiobrás. E lançou um programa para jovens, com repercussão nos telejornais.
Nada de novo, no discurso
presidencial. Lula repisou declarações sobre reformas, crescimento, PMDB.
Usou mais metáforas de futebol, chamou FHC de "amigo",
declarou "profundo respeito"
por Heloísa Helena etc.
O que ficou das duas entrevistas, já que o Café com o Presidente é também "entrevista",
ainda que encenada, foi um Lula à vontade, carregado de otimismo, feliz.
Talvez feliz demais. Na imagem que ele usou:
- Todo dia eu encosto a cabeça no travesseiro e durmo um
sono gostoso, com a consciência
tranquila do dever cumprido.
Depois das últimas notícias
sobre PIB e desemprego, soou
excessivo.
Mas foi bem recebido pelo
mercado, como se diz. Tanto na
Band como na Radiobrás, Lula
disse que pegou o risco Brasil
nas alturas e derrubou para
pouco mais de 500 pontos.
Pois ontem o índice caiu para
menos de 500 pontos. E novos
"recordes" apareceram nos telejornais, para descrever a Bolsa e
o C-Bond.
O mercado parece tão feliz
quanto Lula.
Para acentuar o esforço lulista, Duda Mendonça jogou um
de seus clipes no Jornal Nacional, sem plim-plim, depois de
manchetes como:
- O Brasil passa dos 70. É a
primeira vez que a expectativa
de vida supera esta marca.
- O índice que mede a confiança de investidores chega ao
melhor nível em cinco anos.
Aí entrou o clipe, com uma bela canção sobre a "luz" que, garantem, será levada a "todos".
Porque é um governo "de todos". Vem aí 2004.
Em contraponto à blitz lulista,
José Serra foi ao Jô. Sem FHC e
com governadores atolados em
problemas, o tucano ganha o
posto de porta-voz da oposição.
Mas ainda não está à vontade
como referência, não se dispõe a
falar de tudo com a desenvoltura de Lula ou FHC.
Não opina à solta sobre temas
como criminalidade, só faz
apoiar Geraldo Alckmin. Concentra-se na saúde.
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