UOL

São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NO AR

Sono gostoso

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

De tempos em tempos, em seus oito anos, FHC fazia uma blitz de TV. De uma hora para outra, estava em toda parte, para sumir logo depois.
Lula, como o antecessor, tirou os últimos dias para ocupar a tela e acalmar os ânimos.
Anteontem surgiu em longa entrevista na Band. Ontem voltou ao Café com o Presidente, da Radiobrás. E lançou um programa para jovens, com repercussão nos telejornais.
Nada de novo, no discurso presidencial. Lula repisou declarações sobre reformas, crescimento, PMDB.
Usou mais metáforas de futebol, chamou FHC de "amigo", declarou "profundo respeito" por Heloísa Helena etc.
O que ficou das duas entrevistas, já que o Café com o Presidente é também "entrevista", ainda que encenada, foi um Lula à vontade, carregado de otimismo, feliz.
Talvez feliz demais. Na imagem que ele usou:
- Todo dia eu encosto a cabeça no travesseiro e durmo um sono gostoso, com a consciência tranquila do dever cumprido.
Depois das últimas notícias sobre PIB e desemprego, soou excessivo.
Mas foi bem recebido pelo mercado, como se diz. Tanto na Band como na Radiobrás, Lula disse que pegou o risco Brasil nas alturas e derrubou para pouco mais de 500 pontos.
Pois ontem o índice caiu para menos de 500 pontos. E novos "recordes" apareceram nos telejornais, para descrever a Bolsa e o C-Bond.
O mercado parece tão feliz quanto Lula.
 
Para acentuar o esforço lulista, Duda Mendonça jogou um de seus clipes no Jornal Nacional, sem plim-plim, depois de manchetes como:
- O Brasil passa dos 70. É a primeira vez que a expectativa de vida supera esta marca.
- O índice que mede a confiança de investidores chega ao melhor nível em cinco anos.
Aí entrou o clipe, com uma bela canção sobre a "luz" que, garantem, será levada a "todos". Porque é um governo "de todos". Vem aí 2004.
 
Em contraponto à blitz lulista, José Serra foi ao Jô. Sem FHC e com governadores atolados em problemas, o tucano ganha o posto de porta-voz da oposição.
Mas ainda não está à vontade como referência, não se dispõe a falar de tudo com a desenvoltura de Lula ou FHC.
Não opina à solta sobre temas como criminalidade, só faz apoiar Geraldo Alckmin. Concentra-se na saúde.


Texto Anterior: Tribunal anula condenação de empresário
Próximo Texto: Fiscalização: Denúncia envolvendo Corrêa foi de petista
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.