São Paulo, segunda-feira, 03 de janeiro de 2005

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RETÓRICA OFICIAL

Para presidente, aumento do mínimo e PPPs são "boas notícias"

Lula faz retrospectiva e volta a prometer forte crescimento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu primeiro pronunciamento do ano, transmitido ontem em cadeia de rádio e TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o reajuste do salário mínimo dos atuais R$ 260 para R$ 300 a partir de maio e a previsão de aumento de investimentos em infra-estrutura, inclusive por meio das PPPs (Parcerias Público-Privadas), como duas "boas notícias" para 2005.
Fez uma retrospectiva desde as eleições presidenciais de 2002 e afirmou que este ano será de "crescimento econômico forte, com geração de empregos e distribuição de renda". Justificou os ajustes econômicos de 2003, dizendo que eram necessários para "arrumar o país".
O pronunciamento, elaborado sob a supervisão do publicitário Duda Mendonça, trouxe vinhetas para cada ano, lembrando o formato usado nos programas da campanha presidencial.
As falas do presidente eram intercaladas por um locutor classificando 2002 como o ano "da coragem, em que a esperança venceu o medo", 2003 como "o da paciência e de sacrifícios" e 2004 como da "arrancada e volta do crescimento". Em nove minutos e 27 segundos, Lula voltou a dizer que nem todos os problemas foram resolvidos, mas ressaltou o crescimento econômico no ano passado -que ficou próximo dos 5%, acima do esperado- e a geração de quase 2 milhões de empregos com carteira assinada.
"Este [2005] é o grande ano para o país provar que é possível, mantendo a economia equilibrada e as contas públicas em ordem, garantir um crescimento econômico forte, com geração de empregos e distribuição de renda", disse Lula, citando que o governo ampliará investimentos em educação, saúde e melhoria dos programas sociais. E completou: "Tudo isso só foi possível porque lá trás, em 2002, o povo brasileiro teve a coragem e a ousadia de apostar na mudança do Brasil. Acreditando na esperança e não no medo".
"A esperança venceu o medo" foi a frase dita pelo então presidente eleito Lula, em 2002. No pronunciamento de ontem, ela voltou a ser usada para lembrar o que Lula chamou de "momento complicado" para a economia".
Afirmando que o Brasil está "mais tranqüilo, mais confiante e, sobretudo, mais seguro quanto ao seu futuro", Lula recordou 2003 como o ano do sacrifício, em que o governo foi obrigado a adotar medidas "amargas". "As coisas no Brasil vinham de um jeito que, ou se arrumava a economia de uma vez, reduzindo os gastos do país drasticamente, ou não conseguiríamos adiante fazer as mudanças e reformas que pretendíamos nos anos seguintes."
Em seguida afirmou: "Como não poderia deixar de ser, muitas pessoas não compreenderam algumas de nossas decisões. Afinal, o que todos querem ver são resultados rápidos. Entretanto o caminho que escolhemos não foi o da rapidez, muitas vezes superficial. O caminho que escolhemos foi das mudanças verdadeiras e profundas. E essas demoram um pouco mais para mostrar os resultados, mas quando aparecem são sólidos e duradouros".


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