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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Presidente disse não ter pressa em decidir se tentará reeleição; partido não tem plano B
PT cobra decisão de Lula para definir candidatura
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na entrevista que concedeu ao
programa "Fantástico", da TV
Globo, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse que só definirá
se será ou não candidato à reeleição "no meio do ano" e que não
tem pressa em decidir. "Eu não tenho pressa. Quem tem pressa são
os meus adversários", declarou.
Em que pese suas afirmações
públicas, o fato é que a indefinição
do presidente preocupa o PT, que
não tem um plano B para a eleição
presidencial deste ano que não seja com Lula na cabeça de chapa.
"O PT não tem alternativa a não
ser defender que ele seja candidato à reeleição", constata o líder do
governo na Câmara, deputado
Arlindo Chinaglia (SP). Ele entende que, por questões de tática, talvez por enquanto o melhor caminho seja o presidente ainda não
assumir que é candidato. Porém
observa que o partido "não se
preparou" para ter outro nome
para concorrer na eleição.
"O PT tem de trabalhar para
que ele seja o candidato", propõe.
"A Executiva [do partido] tem de
se concentrar no processo eleitoral e tem de agir visando a disputa
deste ano, montando estratégia
nacional e fazendo uma análise da
conjuntura política."
A mesma ansiedade de ver Lula
assumir sua candidatura é compartilhada pelo secretário-geral
do PT, Raul Pont (RS). Porém,
Pont é mais incisivo na cobrança
de uma definição do líder máximo do partido. "No PT não há dúvida de que ele é o candidato natural", constata. "Mas ele não pode levar o partido a uma situação
de espera até maio ou junho porque, desta forma, caso desista de
concorrer irá inviabilizar outra
candidatura do partido."
"O presidente não pode e não
tem direito, em relação ao PT, de
decidir isso [se será candidato ou
não] em junho", protestou. Ele
defende que Lula torne pública
sua decisão até março, porque em
abril começam os encontros regionais do PT para começar a definir candidaturas e coligações.
Críticas
Pont, que é da tendência Democracia Socialista, de esquerda, disse que "caberia ao presidente fazer uma avaliação crítica da política de alianças que foi realizada"
para apoiar o Executivo no Congresso. Ele cobrou de Lula a identificação dos "traidores" aos quais
o presidente se referiu na entrevista de domingo. "Ele ajudaria o
partido se identificasse quem são
os traidores."
Na entrevista ao "Fantástico",
Lula afirmou que "o PT vai sangrar muito para poder se colocar
diante da sociedade outra vez
com uma credibilidade que ele
conquistou ao longo de 20 anos".
"A melhor maneira de o partido
não sangrar é prestar contas à sociedade para demonstrar que não
há concordância com o que aconteceu", propôs Pont.
O líder do governo na Câmara,
Arlindo Chinaglia, elogiou a atuação de Lula. "As perguntas se concentraram na crise e, diante das
circunstâncias, ele foi bem." Chinaglia usou o mesmo argumento
que petistas vêm se valendo para
tentar desqualificar as denúncias
de corrupção no governo. "Depois de sete meses de investigação, ainda não foi provado o
"mensalão'", afirmou.
Para o líder, na entrevista Lula
foi "convincente" ao dizer que está trabalhando para apurar as irregularidades.
Chinaglia afirmou que Lula
"deixou claro que o que era responsabilidade do governo, que é
mandar investigar as denúncias,
foi feito". O líder do governo concordou com Lula nas críticas ao
PT. "O partido vai ter de mudar
suas estruturas, convencer a sociedade que aquilo [caixa dois] foi
um episódio lamentável."
Raul Pont apontou que há um
"espírito de corpo" no PT que impede que os parlamentares acusados de se beneficiar do esquema
do publicitário Marcos Valério
respondam à comissão de ética.
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